Passados dois anos de minha primeira internação, estava eu ali
novamente diante de mais um quadro de extrema depressão, sem qualquer interesse
em dar continuidade ao vazio ou a esse sentimento que se tornara minha vida.
Foi em maio de 2007, numa segunda-feira, após o “Dia das Mães”-
Quem me viu no restaurante no dia anterior, junto à minha mãe, meus filhos e
todos os familiares não acreditaria jamais que eu poderia mudar tão e
descompassadamente de comportamento.
Só lembro que olhei fixamente para a janela do meu quarto,
tudo parecia não fazer sentido algum...
Algumas horas depois eu estava diante de uma psicóloga ou
psiquiatra, não sei bem, na mesma Casa de Saúde.
Após todo o procedimento de praxe eu iria novamente ficar
reclusa, longe dos meus.
A entrada numa Clínica dessas é a meu ver, a parte
mais dolorosa de um tratamento, pois ela é uma das saídas que se dispõe quando
ocorre um episódio de surto aliado a uma forte recorrência de profunda
depressão, que era o meu caso.
É quando você se vê totalmente sozinha dentro daquele
ambiente aonde os outros pacientes olham você com desconfiança...
Você é levado por dois enfermeiros(as) até o apartamento de “Triagem”
(é o lugar onde você fica no primeiro dia). Lá a enfermeira manda que você tire
toda a sua roupa. É muito constrangedor, uma sensação de invasão ao seu corpo
e ao ser humano.
Seus objetos pessoais são “guardados”; só é permitido o
acesso (no meu caso) à higiene pessoal, exceto desodorante e perfume que depois
de tomar banho você vai até a enfermagem para fazer uso na presença de funcionários
e outros doentes.
Somente após 24 horas você pode falar com seus familiares,
por telefone, e 48 horas depois você pode receber visitas.
As primeiras 24 horas são as mais longas de toda uma vida.
Tudo é tão estranho e por mais que haja profissionais competentes e carinhosos,
você tem a nítida sensação que não é mais você que pensa e rege o seu destino e
sim aquelas pessoas que estão ali dizendo o que você deve ou não pode fazer. E
como são estranhas todas aquelas pessoas...
Meu irmão mais velho (já falecido) passou por várias clínicas
de tratamento de dependência química. Ele nos falava sempre dessas passagens e,
de uma maneira irônica, embora afetuosa, se referia aos pacientes como “malucos”.
Eu hoje vejo que olhar de meu irmão não era preconceituoso
como eu pensava na época: e quem está ali, seja qual for o seu problema, tem um
universo totalmente diferente e de muitos MEDOS.
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Diferença entre Depressão e Bipolaridade
(Programa exibido pela TV Brasil)
Cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo são vítimas caladas de
preconceitos ocasionados por transtornos psíquicos. A depressão e o transtorno
bipolar abrangem pessoas comuns e pessoas públicas. Alguns conseguem superarar
o seus problemas como: separação, estresse no trabalho e no relacionamento
familiar e dão a volta por cima.
O artista plástico Edson Nobre, de 51 anos, que sofre de depressão e a
aposentada Mara Zanini, que tem a mesma idade e sofre com transtornos bipolares,
relatam que os sintomas são parecidos, mas com efeitos permanentes na alteração
de humor.
A depressão e o transtorno bipolar são normalmente confundidos como um único
mal e é mesmo difícil distinguir quando a tristeza é um sentimento rotineiro e
quando passa a ser prejudicial para a saúde e o convívio social.
O tratamento e a diferença entre os dois distúrbios psíquicos são abordados
por especialistas e, para entender melhor o assunto, as histórias de Edson e
Mara revelam como é possível superar o problema com ajuda profissional.
Esses dois “personagens” e os médicos especialistas: Marcelo de Almeida
Fleck, que é coordenador do Programa de Transtornos de Humor do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e do Grupo WHOQOL (World Health Organization
Quality of Life Group) no Brasil, além de consultor temporário da Organização
Mundial da Saúde. Flávio Pereira Kapczinski, doutor em Psiquiatria pela
University of London e, atualmente, diretor do Laboratório de Psiquiatria
Molecular HCPA, além de presidir a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar
e ser membro do quadro editorial do Journal of Psychiatric Research e Diogo
Lara, psiquiatra e professor da Faculdade de Biociências e de Psiquiatria da
PUC/RS e coordenador do Ambulatório de Bipolaridade do Hospital São Lucas da
PUC/RS, participam desse vídeo exibido na Tv Brasil.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
‘Infeliz, nunca fui; eu fiquei doente’, afirma Paula Fernandes
Fonte: G1 (17/02/2013 21h56
- Atualizado em
18/02/2013 00h10)
Cantora teve depressão na adolescência e faz terapia até os dias de hoje.
Perla RodriguesDo Fantástico
Paula Fernandes teve depressão na adolescência
(Foto: Divulgação/Guto Costa)
“É um choro que não cessa, um sono e um apetite que não voltam”. Quem
vê Paula Fernandes nos palcos nunca imaginaria que essa era a sua rotina
na adolescência.
A cantora teve depressão e não acreditava que uma menina de 17 anos
poderia estar com a doença. Durante o período de dois a três anos,
Paula deu um tempo na carreira musical e até chegou a fazer um curso de
secretariado. Além da depressão, ela também tinha crises de pânico e o
simples barulho de uma sirene já lhe provocava medo.
A depressão tem como sintomas a falta de prazer e o sentimento de
tristeza profunda. Foi assim que Paula começou a saber que algo estava
errado. “Percebi que alguma coisa não estava bem, perdi o apetite, quase
não dormia, chorava muito e vivia angustiada”, disse, em entrevista por
telefone ao Fantástico, depois de saber que o programa trataria dessa
doença no quadro “Males da Alma”.
Paula acredita que teve depressão por causa de seu estilo de vida
quando muito jovem. “Eu não fui uma menina comum. Em vez de ir às
festinhas, eu era o evento. Eu sentia falta de algo que não sabia o que
era. Me relacionar com as pessoas, ter um namorado. Eu não culpo
ninguém, mas foi uma consequência das minhas escolhas pela carreira”,
contou.
Paula começou a investir na carreira musical aos oito anos e recebeu
muitos ‘não’ no começo. Durante a adolescência, a falta de uma vida
considerada ‘normal’ pesou e a cantora teve depressão aos 16. “A
primeira lembrança que eu tenho é de quando eu tinha 16 anos e comecei a
ter uma pequena arritmia. Ninguém acreditava que isso poderia ser
sintoma de uma crise de pânico”, conta.
Depois de aceitar o tratamento, Paula começou a tomar os remédios. “A
fase mais difícil é a que você está ignorante sobre o que está sentindo.
Acha que vai morrer e não sabe o que está acontecendo. Outra fase é a
em que você começa a melhorar, mas não acredita nisso até tomar
confiança”, disse.
A cantora deixou o quadro depressivo há cerca de dez anos, mas até hoje
faz terapia e se preocupa em manter uma vida saudável. Para ela, o mais
importante é acabar com o preconceito e assumir a doença.
“Para aquelas que desconfiam, a primeira coisa que tem que fazer é
perder o preconceito. E para aquelas que já descobriram, é continuar o
tratamento. O preconceito é o maior dos problemas. Qualquer pessoa pode
ter depressão e muita gente jura de pé junto que não tem. Isso é um dos
maiores problemas!”, disse.
Se Paula não tivesse aceitado o tratamento, as coisas poderiam ser
diferentes, segundo ela. “Eu não estaria aqui, teria feito alguma
bobagem”, conta. A cantora também afirma que nunca pensou em se matar:
“Eu nunca teria coragem, e uma coisa que não perdi foi a consciência”.
Hoje, ela considera que a doença foi um impulso na carreira e serviu de
fortalecimento. “Infeliz, nunca fui; eu fiquei doente”, afirmou.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Males da Alma (pelo Dr. Drauzio Varela)
Fonte: Edição do dia 17/02/2013 22h01 - Atualizado em 17/02/2013 22h02
Série exibida pelo Fantástico explica a diferença entre a tristeza que faz parte da vida e depressão.
Quando somos derrotados, adotamos comportamentos que agravam ainda mais os nossos problemas. Reconhecer depressa esses males da alma é o primeiro passo para nos livrarmos deles.
Casamentos lembram aquelas histórias infantis que terminam com a mocinha, o príncipe encantado e a frase: ‘e viveram felizes para sempre’. Com o passar dos anos, aprendemos que a felicidade é um pássaro de voo rápido, que nos visita quando quer, nos enche de alegria e voa para longe, às vezes deixando a tristeza em seu lugar.
Lidar com todas as dificuldades que a vida impõe é uma tarefa heróica e nem sempre conseguimos realizar como gostaríamos. Quando somos derrotados, adotamos comportamentos que agravam ainda mais os nossos problemas. Reconhecer depressa esses males da alma é o primeiro passo para nos livrarmos deles. saiba mais
"Infeliz, nunca fui; eu fiquei doente", afirma a cantora Paula Fernandes
O primeiro episódio da série "Males da Alma" trata sobre a depressão. Para ilustrar os transtornos que essa doença pode causar na vida de uma pessoa, a série mostra a história de Neilde Nogueira, que sofria de depressão crônica há seis anos. A reportagem acompanhou durante 40 dias o início do tratamento da paciente. Ainda no episódio, Drauzio conversa com Christian Dunker, psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e abre a discussão sobre o excesso de medicalização e como distinguir as diferenças entre uma tristeza e uma patologia.
Precisa de ajuda? Saiba onde encontrar apoio.
CAPS I - devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças e adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas).
CAPS II - atendem durante o dia a clientela adulta.
CAPS III – são serviços 24h, que atendem clientela adulta.
CAPSi – são serviços para crianças e adolescentes, que funcionam durante o dia.
Além dos CAPS quem pretende buscar ajuda também pode ir a qualquer posto de saúde mais próximo.
Pontos de apoio no Estado do Rio de Janeiro:
Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro - Serviço de Psiquiatria Endereço: Rua Santa Luzia 206 – Centro Informações: (21) 22976611 / 0800 025 7007 (ligação gratuita)
Instituto de Psiquiatria da UFRJ Triagem segunda à sexta, das 8h às 17h Endereço: Avenida Venceslau Brás, 71 Fundos Fone: (21) 38735540 / 38735507
Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro Fone: (21) 25434998 / 22953148
CAPS II - Angra dos Reis Endereço: Avenida Júlio César de Noronha, 90 – Centro
CAPSi – Angra dos Reis Endereço: Rua Benedito Pereira da Rocha, 363 – Parque das Palmeiras
CAPS I – Mangaratiba Endereço: Rua Major José Caetano, 136 – Centro
CAPS I – Paraty Endereço: Rua Campo da Aviação, 117 – Patitiba
CAPS I – Armação de Búzios Endereço: Estrada de Búzios, 58 – São José
CAPS II – Araruama Endereço: Rua Governador Roberto Silveira, 56 – Centro
CAPS II – Cabo Frio Endereço: Rua General Alfredo G. B. Martins, s/n – Braga
CAPS I – Rio das Ostras Endereço: Rua Rêgo Barros, 217 – Centro
Outro dia
conversando com o meu marido e companheiro, comentei sobre a falta e total
ausência de sonhos, no momento em minha vida. É que quando chegamos a uma certa
idade e não vemos realizados os ideais e desejos (bens materiais ou não) e você
percebe que as perspectivas também já não mais existem,há uma sensação de um
vazio intenso, como se tudo estivesse secando por dentro.
Infelizmente
estou passando por essa fase. Não há rancor, revolta. O que existe ou o que
sinto é que já não me interessa mais pensar que não consegui realizar quase
nada do que planejei ao longo de minha, de nossas vidas e que se não
conseguimos... não conseguimos, pra que ficar lamentando o fizemos de errado ou
não; se tenho certeza que tentamos. E se tentamos por que não deu certo?
Essa
sensação de apatia total pra mim é mais fatal do que uma forte crise de
angústia existencial. Na angústia e na depressão, você chora, se desespera, ou
no meu caso muda totalmente o humor; podendo ficar agressiva, triste ou
simplesmente não querer falar nem ver ninguém .
Está sendo
muito difícil pra mim até escrever e discernir os meus sentimentos, estou me
sentindo muita fraca novamente; como se eu estivesse no começo, lá atrás, há
mais de dez anos, quando eu não conseguia entender a mim mesma...
Acho que
preciso rever tudo, fazer uma viagem em torno de mim mesma, o que fiz, o que
deixei de fazer, o que vivi, o que me fez sorrir e chorar de alegria ou de
tristeza. Afinal eu não posso esquecer que eu, como dizem: SOU UMA BIPOLAR.