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sábado, 28 de maio de 2011

Entrevista sobre Bipolaridade
(Dr. Marco Antônio Brasil, Psiquiatra)

O transtorno bipolar é uma doença psiquiátrica grave e que acomete pessoas que sofrem de períodos de depressão e períodos de mania.

Mania que falamos em psiquiatria não é aquela mania de colecionar, mania de fazer alguma coisa, são períodos de uma euforia intensa imotivada. São pessoas que entram em uma vaze de grande atividade – querendo fazer mil planos, não dorme -, é uma atividade exagerada e exacerbada e muitas vezes podem ser acompanhadas também de grande irritação e a partir daí, podem ter também períodos depressivos em que a pessoa perde a vontade de viver, passa por uma profunda tristeza, uma tristeza que tem uma característica que a diferencia da tristeza normal, é uma tristeza imotivada e não há uma razão pela qual a pessoa possa explicar o porquê de estar tão triste.

Então na realidade o Transtorno Bipolar é uma doença que tem episódios chamados de fases. São fazes depressivas intercaladas ou muitas vezes sucedidas por períodos chamados de fases maníacas que como já foi dito são essas fazes de grandes agitação e euforia.

Até que ponto isso pode ser considerado grave?

Essa gravidade pode chegar até a uma interrupção total da capacidade de relacionamento social e laborativa exigindo às vezes a buscar, nas fazes mais graves, até uma internação psiquiátrica.

Como identificar que uma pessoa está sofrendo do transtorno bipolar e até diferenciá-la de uma portadora de outras doenças como a Síndrome do Pânico ou até a própria Depressão?

Basicamente o transtorno bipolar é o transtorno do humor, ou seja, o que está basicamente comprometido é a afetividade da pessoa – ela tem uma profunda tristeza em suas fases depressivas, imotivada – que impede em muitas vezes que a pessoa faça sequer suas mínimas atividades, cuidados com a higiene e alimentação nas fases mais graves e nas fazes maníacas, nas fazes de grande agitação, a pessoa pode ficar extremamente agitada, sem dormir, inconveniente, sem limites, perdendo todas as normas sociais, trazendo um grande problema para o paciente e seus familiares.

Como funciona o tratamento?

O tratamento do Transtorno Bipolar é feito com psicofármacos chamados de estabilizadores do humor que visa que essas pessoas tenham essas fases depressivas e maníacas, essas fazes de excitação e em algumas vezes torna-se necessário associar, nos casos mais graves os chamados neurolépticos, que visam conter a agitação do paciente e nos casos mais graves ainda de depressão, o uso por curtos períodos dos antidepressivos.

Quais os tipos de Transtorno Bipolar?

O que existem são variações de intensidade, existem transtornos bipolares onde você tem um quadro com dias seguidos de uma pequena excitação ou quadros em que você tem o Transtorno Depressivo associado, sucedido ou vindo após esse períodos de fazes graves de excitação, então nós temos o Transtorno Maníaco chamado de Tipo I em que você tem as duas fazes em grande intensidade – a fase depressiva e a fase maníaca – e o Tipo II que é quando você tem o quadro depressivo seguido ou depois de algum tempo surgindo a fase maníaca de menor intensidade conhecida como Fase Hipomaníaca, uma fase que não é plenamente maníaca.

Porque o paciente deve buscar a ajuda de um profissional e o que pode ocorrer caso ele não tome essa providência?

Em primeiro lugar, um paciente que sofre do Transtorno Bipolar, o seu nível de sofrimento já é bastante para ele ter a necessidade de procurar ajuda. Muitas vezes o paciente com Transtorno Bipolar entra em um quadro depressivo e acha que não tem o que fazer mais, que nada mais pode ser feito, então cabe a família procurar ajuda e levar esse paciente para ser cuidado e em outras vezes, o paciente na fase maníaca, sobretudo no início dessa fase maníaca ele se sente muito bem, fica eufórico, agitado e acha que não tem motivos para procurar por ajuda, por isso fica difícil nessa fase inicial a procura por tratamento, mas na medida que a doença vai se agravando, seja o quadro depressivo ou o maníaco, as limitações, os comprometimentos, o nível social, a incapacitação geral, vai aparecendo de tal forma que o paciente tem de qualquer maneira ser levado a tratamento e caso ele não seja levado o que pode ocorrer é que ele passe a ter episódios depressivos sucessivos, porque o Transtorno Bipolar é uma doença recorrente, ou seja, ela aparece em fases. Tem um período onde a pessoa está bem, mas isso não implica que ela vá continuar sempre bem, ela pode vir após um episódio depressivo vir a ter outros episódios depressivos ou outras fases maníacas.

A família pode e deve acompanhar o tratamento?
 Não só deve como é fundamental porque o Transtorno Bipolar é uma doença que não só compromete o paciente, mas toda a estrutura familiar. O paciente em um quadro depressivo deixa de trabalhar, deixa de ter contatos sociais e isso tem repercussão dentro da estrutura familiar e da mesma forma, em suas fases maníacas o paciente fica completamente eufórico e inadequado, também repercutindo no ambiente familiar.

O Transtorno Bipolar tem cura e a pessoa pode levar uma vida normal?

Não, basicamente dentro da medicina essas doenças não são curáveis, as que são curáveis são os quadros infecciosos. Você cura uma pneumonia, mas a maioria dos casos em medicina, não só em psiquiatria, mas em toda a medicina, é que nós controlamos, nós evitamos que essas pessoas tenham novas crises, que mantenham sua pressão arterial controlada, que tenham seu nível de glicose mantidos dentro das taxas normais e da mesma forma na psiquiatria, utilizando-se os estabilizadores do humor, conseguimos manter o paciente protegido de novos episódios sejam eles depressivos ou maníacos.

Dá para evitar o Transtorno Bipolar?

Em grande parte dos paciente é possível sim mantê-lo estável e mesmo aquele paciente que possa vir a ter algum episódio após o tratamento desse episódio com o uso da medicação, não terá esse episódio com a mesma intensidade anterior se ele não tivesse se tratado.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA

A psicose maníaco-depressiva é uma das formas da psicose, doença mental grave e ao contrário do que muitas pessoas pensam, é tão comum como a esquizofrenia, que apresenta uma desordem mental mais freqüente, e cerca de um terço dos doentes internados em clínicas psiquiátricas pertencem a este grupo.

A psicose maníaco-depressiva pode instalar-se em qualquer idade, mas predomina entre os 20 e 60 anos.

As mulheres são mais freqüentemente atingidas que os homens, constituindo cerca de dois terços de todos os casos conhecidos.

A psicose maníaco-depressiva antigamente era conhecida como loucura cíclica, em razão de ter ciclos alternados de mania e de depressão.

Na fase maníaca, a pessoa pode dar mostras de uma intensa energia, atividade incessante e bem-estar exacerbado.

A impulsividade e a excitação motora podem ser acentuadas e suas idéias grandiosas e indubitavelmente agradáveis, expressando-se por um falar ininterrupto, porém Seu juízo parece desordenado e a capacidade para concluir os pensamentos bem diminuídos.

Os modos se alteram bruscamente, até chegar à irritabilidade, maus modos e raiva, e nestes momentos pode aconselhar e criticar outras pessoas, tentando mostrar sua superioridade.

Como em outros casos de psicose, a pessoa afetada provavelmente tem planos ambiciosos. O psicótico maníaco-depressivo imagina que é uma personalidade exaltada e poderosa, talvez um grande cientista ou ator, rei ou salvador da humanidade e pode exigir atenção agressivamente, expressando seus desejos sem cessar.

Durante a fase maníaca pode mudar completamente as costumeiras atitudes e sua ética e moral pregadas anteriormente. Na maioria dos casos, apresenta-se então um erotismo acentuado e, às vezes, alcoolismo e toxicomania.

0A hipomania ou mania menos aguda é uma forma mais benigna da mania. Aí, também, uma energia excessiva e grande atividade são os sintomas.

O humor da pessoa e seu modo de falar tornam-se espalhafatosos ou entremeados com ataques de riso, e embora não existam idéias de grandeza, o hipo-maníaco demonstra um excesso de amor-próprio que o leva a extremos e com frequencia explodem em episódios de raiva e irritabilidade.

A fase maníaca da psicose maníaco-depressiva alterna-se entre uma condição emocional dolorosa, na qual a pessoa se vê extremamente deprimida e miserável, onde nesse estado poderá até insultar a si mesma e se rebaixar, desesperando-se por algum sentimento de culpa, sempre gerado por pecados e erros ilusórios, podendo inclusive cogitar o suicídio, considerando-se como indigna de viver.

As desilusões e alucinações são freqüentes e sintomas como lentidão, incapacidade de tomar decisões e falta de concentração são bem frequentes.

Este estado depressivo da psicose, pode se fazer acompanhar de sintomas físicos tais como constipação, língua pegajosa, insônia, perda de peso e muitos outros.

A atividade intelectual é suprimida, enquanto a pessoa se deixa envolver profundamente em ilusões perturbadoras e o estado de estupor não é raro.

As mulheres cheam a tomar aversão por sexo e pelos homens.

Os ataques maníaco-depressivos, podem ocorrer originalmente por grande tensão emocional grande, podendo persistir por períodos curtos ou duradouros.

Se forem isolados ou infreqüentes, existe uma possibilidade de recuperação. Mas a cura total e completa é muito rara.

Psicose Maníaco-Depressiva, segundo o professor Waldo Vieira: Assista o vídeo:

terça-feira, 24 de maio de 2011

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

Psiquiatria:

Antigamente o transtorno bipolar era conhecido pelo nome de psicose maníaco-depressiva, uma doença psiquiátrica caracterizada por alternância de fases de depressão e de hiperexcitabilidade. Nesta fase, a pessoa apresenta modificações na forma de pensar, agir e sentir e vive num ritmo acelerado, assumindo comportamentos extravagantes como sair comprando compulsivamente tudo o que vê pela frente. Sabe-se que os transtornos bipolares estão associados a algumas alterações funcionais do cérebro que possui áreas fundamentais para o processamento de emoções, motivação e recompensas.

Conhecendo o inimigo:

A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.

Fase Maníaca:

Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.       

Fase depressiva:

É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.

Riscos, dos portadores de TAB:

A mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais freqüente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Também doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas cardiovasculares são mais freqüentes entre portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral. A associação com a dependência de álcool e drogas não apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TB, piora a adesão ao tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio.

Tratamento:

O tratamento adequado do TB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores. Em linhas gerais, inclui necessariamente a prescrição de um ou mais estabilizadores do humor em associação (carbonato de lítio, ácido valpróico/valproato de sódio/divalproato de sódio, lamotrigina, carbamazepina, oxcarbazepina). A associação de antidepressivos (de diferentes classes) e de antipsicóticos (em especial os de segunda geração como risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol) pode ser necessária para o controle de episódios de depressão e de mania.


domingo, 22 de maio de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar (Vulgarização da doença)

Quem sofre de bipolaridade vive entre a euforia e a depressão e o tempo todo, é como se brincasse em uma gangorra; horas estão lá em cima, horas lá embaixo e apesar do transtorno bipolar ser uma doença psiquiátrica grave que acomete pessoas que alternam períodos de depressão e manias, a vulgarização é cada vez maior. Cada vez vemos mais a mídia retratar o assunto como uma coisa banal. Quantas vezes já vimos piadas com "Tarja Preta", "Ser Bipolar é Fashion", "Estou na moda, sou bipolar, sou bipolar", como se uma pessoa acometida por esse mal fosse referência de modismo e apreciação.


Quem é acometido pelo TAB, tem muitas "manias" e essas "manias" tão comentadas na psiquiatria não são aquelas manias de colecionar alguma coisa, juntar quinquilharias antigas, comprar roupas em demasia e sim períodos de euforia intensa imotivada.

O humor das pessoas com transtorno bipolar oscila como uma gangorra. É mais do que um mau humor matutino, e essa bipolaridade os leva a ter impulsos imprevisíveis e muitas vezes agressivos.

As curvas do humor alteram muito o ritmo de vida da pessoa acometida pelo transtorno bipolar, uma vez que seu portador é levado a uma fase de grande atividade, querendo fazer mil planos, existem aqueles que não dormem direito, acompanhada de grande irritabilidade, partindo ai para períodos depressivos e de tristeza profunda.

Muitos portadores do TAB perdem a vontade de viver uma vez que são acometidos de uma, uma profunda tristeza que tem como característica não ter nada a ver com a tristeza normalmente vivenciada por uma pessoa não portadora dessa doença. É uma tristeza imotivada, ou seja, não há uma razão pela qual a pessoa pode explicar porque está tão triste. Então na verdade o transtorno bipolar é uma doença composta por episódios, conhecidos na medicina convencional como "fases".


"LUA ADVERSA
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm, no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles"



As fases depressivas são intercaladas e muitas das vezes sucedidas por períodos chamados fases maníacas que são as fases de grande excitação e euforia como foi dito anteriormente.

A diferença do "transtorno bipolar" para outras doenças, como "síndrome do pânico", "depressão", dentre outras tantas é que o "transtorno bipolar" é uma doença do transtorno do humor, ou seja, está associada basicamente à efetividade da pessoa. Alternando períodos de profunda tristeza nas fases depressivas imotivadas e muitas das vezes são impedidas de fazer suas atividades corriqueiras, como por exemplo, em casos graves não cuidar da higiene, não se alimentar.

E na fase maníaca a pessoa fica extremamente agitada, sem dormir, inconveniente, não tendo limites, trazendo um grande problema a si mesmo.


O tratamento do transtorno bipolar é essencial, e quanto mais cedo se diagnosticar a doença, melhor será a vida em sociedade do individuo. O tratamento é feito através de psicofármicos, chamados de estabilizadores do humor. Em que visa evitar que a pessoa tenha essas fases repentinas maníacas e alguns casos (mais graves) o médico associa com o uso de antidepressivos. Sem o tratamento adequado, a pessoa poderá sofrer quadros sucessivos já que o transtorno bipolar é uma doença decorrente (aparece em fases).

Infelizmente o transtorno bipolar não tem cura. Mas com o paciente diagnosticado e fazendo o tratamento correto, evita-se que se tenham novos episódios, sejam eles depressivos ou maníacos. E para que a doença se transforme em uma aliada, o tratamento exige a mudança de alguns hábitos, como dormir bem, evitar substancias que têm ações no cérebro (estimulantes ou depressivos).

O lamentável que ainda existam pessoas que vulgarizem essa doença, façam piadas que caiam na mídia e se transformem em modismo.

Depois de lerem isso tudo, me respondam com sinceridade:

"Ser bipolar é fashion?"

sábado, 21 de maio de 2011

ESTUDOS COM FAMÍLIAS DE PROBANDOS COM TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (TAB)

As classificações mais utilizadas em psiquiatria enfatizam o quadro clássico da mania. O diagnóstico pelo DSM-IV requer humor persistente e anormalmente elevado, expansivo ou irritável durando pelo menos uma semana.

Estudos genético-epidemio1ógicos (com famílias):

Alguns estudos apontam para um sólido componente familiar no Afetivo Bipolar. Nesses estudos de família, Angst, em 1966, na Suíça, e Perris, no mesmo ano, na Suécia, apresentaram os primeiros resultados. Ambos demonstraram concordância familiar para essas alterações do humor. A maioria dos estudos que se seguiram concorda com esses autores, tanto na agregação familiar quanto na subdivisão. O Quadro 1 apresenta alguns dos principais estudos com famílias de pacientes bipolares realizados nos últimos trinta anos.


Os resultados de estudos em famílias de pacientes com Transtorno Bipolar podem ser assim sumarizados:

1) - o risco de parentes em primeiro grau de indivíduos não-afetados, representativos da população geral é de quase 1% para Transtorno Bipolar e cerca de 4% para Depressão Uni polar;
2) - quando comparados o grupo de familiares de indivíduos da população geral e o grupo de parentes em primeiro grau de portadores de transtorno bipolar, observa-se que o risco para a Depressão Unipolar é três vezes maior, enquanto o risco para Transtorno Bipolar nesses parentes está aumentado cerca de sete vezes. Além da maior probabilidade para o Transtorno Bipolar e Depressão em familiares de pacientes bipolares, tem-se observado também um aumento do risco para o Transtorno Esquizoafetivo, Distimia e Ciclotimia (Goodwin e Jamison, 1990).
3) - A demonstração do caráter familial é necessária, mas não suficiente, para comprovar a transmissão genética, haja vista que essa agregação na família pode ser decorrência da mesma exposição ambiental. Assim, estudos com gêmeos e com adotados são necessários para identificar a fonte dessa concentração familiar (Moreno e Moreno, 2002).


Estudos com gêmeos:

Uma segunda estratégia para demonstrar o componente genético do Transtorno Bipolar é o clássico estudo com gêmeos, no qual se compara a concordância para a doença entre gêmeos monozigóticos (MZ) com a concordância entre gêmeos dizigóticos (DZ). Sabendo que os MZ tem semelhança cromossômica e os DZ não, se a doença tiver componente genético tende a ter uma concordância muito maior nos MZ. Não se pode deixar de considerar que os gêmeos, tanto MZ como DZ, sofrem influência ambiental semelhante.

Nas doenças determinadas pelo ambiente a concordância entre MZ e DZ seria quase a mesma, ao passo que nas doenças genéticas, a concordância nos MZ será significativamente maior, tendendo a se aproximar de 100%.

Um dos estudos mais importantes com gêmeos no Transtorno Afetivo Bipolar é de Bertelsen e cols. (1977), que investigaram um total de 123 pares de gêmeos em que um dos irmãos já apresentava Transtorno do Humor. Esses autores observaram uma concordância de 79% de Transtorno Afetivo Bipolar para MZ e de apenas 19% para DZ.

Torgersen (1986) encontrou um taxa de concordância de 51 % para MZ e de 20% em DZ. Números semelhantes foram encontrado por McGuffin e Katz (1991), os quais observaram uma concordância entre MZ de 53% e em DZ de 28%. Em 1993 Kendler e cols. verificaram uma concordância para transtornos do humor de 75% em MZ e de 29,6% em DZ.
Podemos concluir com base nos dados apresentados anteriormente que a taxa de concordância para o transtorno do humor é de duas a quatro vezes maior em gêmeos MZ do que nos DZ, reforçando a hipótese de um componente genético nessa enfermidade. Mas, deduz-se que o componente genético não é o único determinante desse transtorno. Se assim fosse a concordância entre os gêmeos MZ seria de 100%. Estima-se que o potencial hereditário para o Transtorno Bipolar seja em tomo de 75% (Baron, 1991).

Estudos com adotados Com o propósito de separar a influência ambiental do fator genético, costuma-se pesquisar em adotados. Segundo Moreno e Moreno (2002), o primeiro estudo desse tipo foi conduzido na Bélgica por Mendlewicz e Rainer (1977), que verificaram 29 adotados com a antiga doença maníaco-depressiva (hoje Transtorno Afetivo Bipolar). Esses autores observaram uma prevalência de distúrbios afetivos em 31 % dos pais biológicos dessas pessoas, comparado a uma prevalência de 12% nos pais adotivos.

Outro estudo foi de Cadoret (1978), que em uma amostra de mães com o Transtorno Afetivo (bipolar e unipolar) evidenciou uma freqüência seis vezes maior de Depressão em seus filhos biológicos adotados ao nascimento, comparados aos filhos de mães sem o transtorno, também adotados no nascimento.

Wender e cols. (1986) pesquisaram, na Dinamarca, 71 pessoas adotadas portadoras de Transtornos do Humor e relataram uma prevalência oito vezes maior em casos de Depressão Unipolar e quinze vezes maior em casos de suicídio nos pais biológicos dessas pessoas quando comparadas com seus pais adotivos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comportamento e psicomotricidade

Alguns autores consideram o retardo psicomotor a principal alteração no Transtorno do Humor (Akiskal, 2000). O paciente com lentificação psicomotora exibe importante restrição de movimentos espontâneos, postura de abatimento, discurso lentificado, frases raras e monossilábicas, com aumento do tempo de latência de resposta, baixo tom de voz, dificuldade de raciocínio, diminuição da energia e cansaço excessivo. Não é raro alguns pacientes reclamarem de fadiga extrema ao realizar tarefas simples, tais como escovar os dentes. Há uma tendência a ficar deitado e ao isolamento. Em casos graves, a lentificação psicomotora pode evoluir para o estupor depressivo.

Funções vegetativas

Funções vegetativas são aquelas reguladas pelo Sistema Nervoso Autônomo (ou Vegetativo). No paciente deprimido estão alterados o sono, o apetite, a função sexual e o ritmo circadiano do humor. A alteração do apetite e/ou do peso é um dos indicadores confiáveis do comprometimento somático da Depressão. As alterações do sono na Depressão envolvem insônia, mais freqüentemente intermediária, quando então a pessoa desperta no meio da noite e tem dificuldade para voltar a dormir, ou acorda muito cedo (insônia terminal).

Alguns pacientes podem dormir demais, como uma espécie de fuga de uma realidade hostil para eles ou como sinal de escasseamento da “energia” necessária para a disposição geral. Dentro dessas funções vegetativas prejudicadas está a função sexual, onde ocorre invariavelmente uma expressiva diminuição da libido, tanto nos em homens e como nas mulheres. E não apenas a libido costuma estar comprometida mas, inclusive, também a função erétil.

Subtipos depressivos

A nomenclatura psiquiátrica é demasiadamente complexa, apesar de inteligível. Há vários tipos de manifestações depressivas, classificadas tanto de acordo com a origem, quanto através da apresentação clínica.  A todos esses subtipos acrescento ainda a sintomatologia depressiva da atualidade, a qual decorre mais dos sentimentos de frustração do que da depressão, propriamente dita.

Depressão BipolarÉ a Depressão que se apresenta em portadores do Transtorno Afetivo Bipolar. Aqui há uma alternância de episódios depressivos e eufóricos (maníacos), não necessariamente um depois do outro (podem surgir vários episódios depressivos e um eufórico ou vice-versa). Trata-se de um quadro de origem constitucional, ou seja, biológica. Normalmente essas crises surgem sem que se possa associar à alguma razão vivencial.

Depressão endógena

Antigamente essa denominação caracterizava a Depressão que se manifestava por episódios agudos, recorrentes e sem a existência de episódios eufóricos. Hoje se fala em Transtorno Depressivo Recorrente, graduado em Leve, Moderado e Grave pela CID.10 ou Maior, pelo DSM.IV. Entretanto, o nome endógeno deveria ser mantido como conceito com objetivo de facilitar a idéia do fator constitucional desse tipo de Depressão.

Na Depressão Endógena os sintomas são mais exuberantes, focando predominantemente o prejuízo da capacidade para sentir prazer (anedonia), na apatia significativa, nos sentimentos de culpa, piora matutina, diminuição de apetite e perda de peso.

Depressão Atípica

As Depressões Atípicas são aquelas que se manifestam, predominantemente, através de sintomas ansiosos (Pânico, Fobia ...) e somáticos. Nos quadros de Depressão Atípica encontramos os sintomas vegetativos incaracterísticos (aumento do apetite, do sono, ganho de peso), humor não totalmente rebaixado (capacidade de se alegrar diante de eventos positivos) e grande sensibilidade emocional.

Alguns deprimidos podem manifestar apenas sintomas somáticos (físicos) ao invés de sentimentos de tristeza, como por exemplo, dores vagas e imprecisas, tonturas, cólicas, falta de ar, etc. Para estes, talvez, seja mais fácil comunicar sua aflição e desespero através dos órgãos que do discurso. Também em crianças e adolescentes a depressão pode dissimular-se sob a forma de um humor irritável ou rabugento, ao invés de triste e abatido.

Depressão Psicótica ou Maior

Trata-se de Depressão Grave, na qual ocorrem sintomas psicóticos, tais como os delírios e/ou as alucinações. Geralmente esses delírios são congruentes com o humor, chamados então, Delírios Humor-Congruentes. Podemos chamá-los também de Delírios Secundários ou Idéias Deliróides. Na esquizofrenia os delírios são primários e aqui são secundários (secundários à depressão).

Quando existem delírios esses são, geralmente, de ruína, de grave prejuízo moral, de doença grave, culpa, morte, castigo. Quando existem alucinações, geralmente são auditivas.

EUFORIA (Mania)

Assim como a depressão, a euforia ou mania também se caracterizada por alterações no humor, na cognição, na psicomotricidade e nas funções vegetativas, porém com características opostas àquelas alterações observadas na depressão, ou seja, o paciente apresenta elevação do humor, aceleração da psicomotricidade, aumento de energia e idéias de grandeza, as quais podem ser até delirantes.

As formas clínicas da euforia variam de acordo com a intensidade e o predomínio dos sintomas afetivos, das alterações psicomotoras e da presença de sintomas psicóticos. Em sua forma clássica a mania se caracterizada por humor exageradamente expansivo (chamado de elação), aceleração no ritmo do pensamento, agitação psicomotora e pensamentos delirantes de grandiosidade. Dependendo da gravidade do Episódio Eufórico as idéias deliróides podem fazer confundir o quadro com um surto esquizofrênico.

Humor e Afetividade

O humor na euforia é muito expansivo, geralmente irritável, desinibido. Sentimentos de exagerada alegria, júbilo e excitação são comuns. Essa alegria percebe-se patológica e o riso é exagerado, desproporcional ou à toa, há um desmedido entusiasmo e incomum interesse sexual, profissional e social.

Cognição e Percepção

O pensamento na euforia costuma ser repleto de idéias de grandeza, autoconfiança incomodamente elevada, otimismo exagerado, falta de juízo crítico e da inibição social normal. A impulsividade pode levar a conseqüências desastrosas.

Podem existir idéias deliróides de grandeza, de poder, riqueza e de irreal inteligência. No tipo Grave com Sintomas Psicóticos a euforia é acompanhada de alucinações, sentimentos de influência e de inspiração profética, caracterizando assim o verdadeiro Estado de Elação (Ey e cols., 1978).

A aceleração do pensamento produz um dos sintomas mais clássicos da euforia que e a Fuga de Idéias, onde o paciente começa um assunto novo sem terminar o anterior. Há também uma hipermnésia, com lembrança fácil de eventos passados, porém, prejudicado por excesso da distraibilidade.

Comportamento e Psicomotricidade

A pessoa com euforia sente-se sempre muito bem disposto e capaz de alcançar qualquer objetivo, cheio de energia e sem necessidade de repouso ou sono. Normalmente ela  gargalha, canta, dança, se mexe, corre, faz sexo, trabalha... tudo exageradamente e incansavelmente. Desse jeito é difícil convencê-lo estar doente, já que o bem estar (patológico) é muito contundente.

Durante a fase de euforia do Transtorno Bipolar do Humor, a auto-estima, o vigor e a energia física aumentam e a pessoa passa a agir em ritmo acelerado, fica inquieta e agitada, a necessidade de sono diminui. Começa a ter sentimentos de grandeza, considera-se especial e se sente como se não tivesse limites. Os planos grandiosos e mirabolantes se multiplicam, as idéias fluem rapidamente e não consegue concluir as idéias, pulando rapidamente para outros assuntos.

Quando o paciente já é conhecido, percebe-se claramente estar entrando em euforia até pelo colorido exuberante das roupas, o volume com que ouve músicas, a profusão do discurso, eloqüência com que defende seus pontos de vista. Por outro lado, a aceleração exagerada do pensamento pode dificultar a compreensão do discurso.

Por causa da impulsividade, da desinibição, do aumento de energia e da ausência de crítica, a pessoa em mania acaba se envolvendo em atividades perigosas e insensatas, tais como dirigir em alta velocidade, praticar sexo inseguro, gastar além das possibilidades.

Funções Vegetativas

A diminuição da necessidade de descanso e de sono é o sintoma físico mais freqüente. O paciente necessita de poucas horas e, mesmo assim sente-se bem disposto e cheio de energia (Moreno e Moreno, 1994).

Costuma haver, na euforia, aumento do apetite, do consumo de cigarro, álcool e drogas. Como tudo está acelerado é comum o aumento do apetite sexual, associados à desinibição e à impulsividade.

Outro sintoma bastante característico da euforia é a perda da inibição social natural. Isso produz atitudes inadequadas ou extravagantes, como por exemplo, fazer compras desenfreadamente ou vestir-se de forma exuberante, agressividade, inadequação e outros comportamentos inconvenientes que, inclusive, podem ocasionar envolvimentos policiais.

De modo geral, as crises de euforia podem ser caracterizadas pelos seguintes sintomas:

1.- auto-estima inflada, grandiosidade, sensação de ser mais e melhor que os outros e, algumas vezes quando tem delírio, reconhecendo ser predestinado a alguma coisa muito importante
2.- necessidade de sono diminuída, sentindo-se bem e repousado com apenas 3 horas de sono.
3.- mais eloqüente e loquaz do que o habitual, pressão por falar, interrompendo os outros.
4.- perda da inibição social, falta de crítica para com as situações ridículas e vexatórias
5.- fuga de idéias (mudança de assunto rápido sem conclusão do anterior) ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo mais do que as palavras podem pronunciar.
6.- distratibilidade, a atenção é desviada com excessiva facilidade para estímulos externos insignificantes ou irrelevantes, dispersão da atenção.
7.- aumento da atividade dirigida a objetivos sociais, no trabalho, na escola ou sexualmente.
8.- agitação psicomotora, excesso de movimentos
9.- envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para insensatez, perigo, inconseqüência, como por exemplo, envolvimento em compulsão para compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros tolos.

HIPOMANIA

A hipomania é um estado semelhante à mania, em grau mais leve, que aparece em pacientes com TAB, no início dos episódios de mania ou, se não for no TAB, no Transtorno Ciclotímico da Personalidade. Observa-se mudança no humor habitual para euforia ou irritabilidade, reconhecida pelas pessoas mais íntimas do paciente.

Há também na hipomania, hiperatividade, tagarelice, diminuição da necessidade de sono, aumento da sociabilidade, atividade física, iniciativa, atividades prazerosas, libido e sexo, e impaciência. A hipomania não se apresenta com sintomas psicóticos, não precisa de internação e o prejuízo ao paciente não é tão intenso quanto no episódio de mania.

Como dissemos, em uma sociedade que valoriza demais a extroversão e eloqüência, pacientes e familiares podem considerar a hipomania como se fosse uma atitude normal e até desejável. Assim, a hipomania pode ser confundida com estados de alegria desencadeada por eventos positivos, não percebidos pelos outros como exagerados, comparados com o padrão habitual de humor da pessoa. Já a irritabilidade da hipomania pode ser confundida, também, com reações normais aos eventos negativos, como por exemplo, uma má notícia.

Mas a hipomania pode ou não ter fatores desencadeantes, sejam positivos ou negativos. Se esses pacientes não forem tratados, podem apresentar ausência do juízo crítico e proporcionar para si ou para seus familiares, severos prejuízos morais e materiais.Incidência Em nosso meio, segundo dados do Sistema Único de Saúde de São Paulo,  mais de 10 mil internações por ano são devidas ao TAB, predominantemente entre as mulheres, pois, em homens, prevalecem os diagnósticos de alcoolismo e esquizofrenia.

As estimativas acerca da prevalência de TAB na população são bastante acanhadas, devido à rigidez dos critérios de diagnóstico propostos pelas classificações atuais. Assim, a prevalência para o Transtorno Bipolar do Humor do tipo 1, que é o tipo com mais episódios de euforia do que depressão, ao longo da vida, nos EUA, alcança 1%.

Na cidade de São Paulo essa prevalência é de 1% (Andrade, 2002). Estudos que consideram critérios mais flexíveis de diagnóstico já apresentam  uma prevalência de 4% a 8% durante a vida. Apesar do interesse nestes quadros ter aumentado nos últimos anos, os portadores de TAB continua sendo tardiamente diagnosticados e, conseqüentemente, inadequadamente tratado.

Causas do TAB

Em relação às causas do TAB, tem sido muito relevante a sugestão de hereditariedade. Segundo Cardno (1999), a concordância de TAB entre gêmeos idênticos (monozigóticos) varia de 60% a 80%, e o risco de desenvolver TAB em parentes de primeiro grau de um portador de TAB situa-se entre 2% e 15%. A quantidade de gêmeos monozigóticos onde não há concordância de TAB reflete a importância dos fatores ambientais.

A genética considera a TAB como tendo de um “modo complexo” de transmissão, cuja manifestação dependeria da presença de um conjunto de genes que interagem entre si, até o momento de conhecimento pouco definido (veja abaixo). Resumindo, compreende-se que o aparecimento dessas doenças de transmissão complexa dependa da presença de um conjunto de genes de suscetibilidade, os quais, ao sofrerem influência do meio, manifestam-se precipitando as alterações necessárias para a eclosão da doença em questão.

Sobre os fatores ambientais associados ao Transtorno Bipolar do Humor, Leandro Michelon e Homero Vallada (2005) citam Tsuchiya e colaboradores, que investigaram a possível associação entre TAB e fatores variados, tais como, demográficos (sexo, etnia), relacionados à complicações da gestação ou do parto, estação do ano no nascimento, nascimento em área urbana ou rural, antecedentes de lateralidade, ajustamento pré-mórbido, padrão socioeconômico, eventos estressantes de vida, disfunção familiar, perda de parente e história de epilepsia, trauma craniencefálico, esclerose múltipla.

De relevante ocorreu, nessa revisão da literatura, uma associação entre o TAB e a condição socioeconômica desfavorável, bem como com o desemprego, baixa renda e estado civil solteiro. Também houve associação da TAB com mulheres nos três primeiros meses do pós-parto. O restante dos fatores avaliados não mostrou nenhuma associação com ocorrência de TAB.

De modo geral, os estudos foram inconclusivos, exceto para a significante associação do desenvolvimento de TAB com história familiar positiva, em vários estudos. Volta aqui a questão dos fatores genéticos, porém, a despeito de todos os fatos que sugerem uma fortíssima participação genética no desenvolvimento do TAB, até o momento não foi possível identificar genes ou regiões cromossômicas envolvidos diretamente no aparecimento desta doença. Embora algumas regiões dos cromossomos se mostrem mais significativamente ligadas ao problema, ainda se aguarda a confirmação científica por meio de novas pesquisas e novas técnicas de investigação.

Inúmeras alterações na função cerebral têm sido descritas em pacientes apresentando quadros de depressão e mania. Pesquisas utilizando modelos genéticos, neuroanatômicos, neuroquímicos e de neuroimagem no TAB têm trazido importantes hipóteses teóricas e conceituais para o melhor entendimento de como certos mecanismos biológicos podem afetar a manifestação clínica da doença, seu curso e sua resposta aos tratamentos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar

O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), também conhecido como Transtorno Bipolar do Humor (TBH) ou, antigamente, Psicose Maníaco Depressiva (PMD), é uma doença relacionada ao humor ou afeto, classificada junto com a Depressão e Distimia. O TAB se caracteriza por alterações do humor, com episódios depressivos e maníacos ao longo da vida. É uma doença crônica, grave e de distribuição universal, acometendo cerca de 1,5% das pessoas em todo o mundo.

O TAB é considerado uma doença psiquiátrica muito bem definida e, embora tenha um quadro clínico variado, é um dos transtornos com sintomatologia mais consistente na história da psiquiatria. Sua forma típica (euforia-depressão) é bem caracterizada e reconhecível, permitindo o diagnóstico precoce e confiável.

Normalmente sentimos alegria, tristeza, medo, ousadia, energia, desânimo, eloqüência, apatia, desinteresse, enfim, em diversos momentos de nossa vida, com maior ou menor intensidade uma grande variedade de sentimentos são experimentados. De modo geral, é normal a pessoa ficar alegre com uma promoção no emprego, com uma conquista amorosa, nascimento de um filho e outras situações agradáveis. Assim como se espera, também, que a pessoa normal experimente tristeza e sofrimento depois de um rompimento amoroso, com doença ou morte de pessoa querida, com a perda do emprego, dificuldades financeiras, etc.

Resumindo, em situações normais o estado de humor ou de ânimo deve variar ao sabor dos acontecimentos da vida e de acordo com a tonalidade afetiva de cada um (veja Tonalidade Afetiva na página Alterações da Afetividade, na seção Psicopatologia). Essas respostas emocionais podem ser adequadas e proporcionais aos estímulos externos, que são as vivências, ou desproporcionais e inadequadas. Neste caso, em resposta aos estímulos internos, que são as oscilações do humor ou alterações afetivas.

No DSM.IV são classificados 2 tipos de TBH. O Tipo I, onde a maioria dos episódios de alteração do humor são do tipo euforia e o Tipo II, ao contrário, ou seja, a maiora dos episódios são depressivos (Figura)

Pelo DSM.IV, a característica essencial do Transtorno Bipolar I é um curso clínico caracterizado pela ocorrência de um ou mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos. Com freqüência, os indivíduos também tiveram um ou mais Episódios Depressivos Maiores. Por outro lado, a característica essencial do Transtorno Bipolar II é um curso clínico marcado pela ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores, acompanhados por pelo menos um Episódio Hipomaníaco.

Hoje em dia o diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar está sendo repensado e deslocado para um grupo de estados psicopatológicos afins; os Transtornos do Espectro Bipolar (Akiskal e cols., Montgomery e Keck, 2000.

EPISÓDIO DEPRESSIVO

A Depressão é caracterizada principalmente por alterações do humor, da psicomotricidade, da cognição e das funções vegetativas. O quadro clínico do paciente deprimido é bastante complexo, cheio de sinais e sintomas. Geralmente o paciente apresenta humor depressivo, alterações de apetite e do sono, dificuldades de concentração e pensamentos de cunho negativo, incapacidade de sentir alegria ou prazer, redução da energia, agitação psicomotora ou, ao contrário, lentificação, podendo ocorrer ideação suicida e/ou sintomas psicóticos.

Profissionais com atividades acadêmicas ou intelectuais não conseguem mais executar suas tarefas quando deprimidos, as crianças diminuem o rendimento escolar por causa das dificuldades de raciocínio e concentração. Essa variedade de sinais e sintomas faz pensar em uma verdadeira síndrome depressiva, cujas unidades de manifestação são o Episódio de Maníaco e o Episódio Depressivo. Aqui discorremos sobre o Episódio Depressivo.

Alterações de humor e afetividadeObviamente, o paciente deprimido manifesta o humor depressivo. Os reflexos mais típicos desse tipo de humor são os sintomas de angústia, tristeza, vazio, desesperança, desânimo, enfim, a sensação popularmente conhecida como "baixo astral".

Entretanto, para surpresa do público leigo, nem sempre a tristeza clássica está presente no Episódio Depressivo. Algumas vezes, de acordo com determinados traços de personalidade, o paciente pode não experimentar sentimento de tristeza e concentrar suas queixas em somatizações, em dores e outras queixas físicas, tais como cefaléia, dor de estômago, dor no peito, tonturas, etc.

Apesar disso, a atitude da pessoa com humor depressivo, ainda que sem queixas de tristeza, pode ser percebido indiretamente por sua expressão facial, pelo olhar triste, fixo e sem brilho, pelos ombros caídos e por uma notável tendência ao choro e hipersensibilidade sentimental (Bleuler, 1985). Antigamente falava-se em Depressão Mascarada, para se referir a esses casos de depressão sem tristeza.

O humor de pacientes deprimidos pode ser irritável, manifestado como tendência a sentir-se facilmente incomodado com tudo, mal-humorado, com baixo limiar de tolerância para frustração. Esse quadro de irritabilidade e explosividade no humor depressivo é uma das manifestações depressivas mais comuns em crianças e adolescentes.

Os deprimidos podem perder a capacidade de sentir prazer, o que os leva ao abandono de atividades anteriormente prazerosas e ao desinteresse por amigos e familiares. Em casos mais graves pode haver incapacidade de experimentar qualquer tipo de emoção, dando a impressão que nada mais interessa ou vale a pena. Nas alterações da afetividade chamei esse estado de “egoísmo afetivo”, colocado entre aspas para sugerir o aspecto involuntário desse egoísmo.

Cognição e percepção

A avaliação e juízo crítico da realidade à sua volta, que é a cognição propriamente dita, pode estar seriamente prejudicada na pessoa deprimida. A consciência da realidade pode estar desde ligeiramente alterada até psicoticamente alterada com pensamentos deliróides.

A avaliação que a pessoa deprimida faz de si mesma, que nada mais é do que a autoestima, pode sugerir uma idéia muito negativa. Essas idéias auto-pejorativas orbitam em torno do fracasso, da ruína, pessimismo, inferioridade, inutilidade, culpa, auto-recriminação, pecado e mesmo uma série de ruminações que tomam conta totalmente do pensamento. Medo do presente e do futuro, sofrimento retroativo pelas mazelas do passado, ausência de planos e perspectivas (Moreno & Moreno, 1994).

Os problemas existenciais reais, que existem de fato e todos temos, assumem proporções insuportáveis na depressão, surgem medos irracionais e preocupações excessivas. As avaliações negativas de si, do mundo e do futuro, dominam o pensamento do paciente deprimido e podem alterar a sua percepção da realidade a ponto de cogitar em suicídio (que pode se manifestar em até 15% das depressões maiores ou graves sem tratamento).

O médico clínico, diante de um paciente deprimido, deve investigar e avaliar o risco de suicídio, uma vez que a morte por suicídio é tão letal quanto por infarto do miocárdio. Na Depressão Grave com Sintomas Psicóticos, classificada no CID.10 sob o código F33.2, podem aparecer delírios congruentes com o humor (veja Idéias Deliróides na seção Psicopatologia). Esses delírios secundários ao humor deprimido podem servir para maquiar um mundo temerário, ameaçador e sofrível no qual a cognição do deprimido crê. Alucinações, principalmente auditivas, podem aparecer nas depressões graves.

Karla Mathias de Almeida e Doris Moreno (2002) listam alguns critérios ou características dessas Idéias Deliróides ou Delírios Humor Congruente:

a) são de tonalidade afetiva penosa
b) são monótonas e repetitivas
c) são pobres, isto é, a idéia delirante não se desenvolve em construções intelectuais: são mais ricas em emoção do que em conteúdo ideativo
d) são passivas e o paciente aceita todas suas infelicidades placidamente
e) são divergentes e centrífugas, isto é, estendem-se progressivamente para a pessoa próxima e para o ambiente
f) são delírios do passado (lamentações, remorsos) ou do futuro (ansiedade, temores).

São comuns queixas de dificuldades de raciocínio, concentração e tomada de decisões. De fato, a mais prejudicada talvez seja a atenção e não a memória, propriamente dita. E a dificuldade em fixar a atenção, associada à falta de interesse, pode simular severos problemas de memória.

Com a lentificação do pensamento as idéias podem ficar confusas. Ey e cols (1978) descrevem a "paralisia psíquica". Nesse estado a ideação fica lenta, as associações são difíceis, a evocação é penosa, a síntese mental é impossível, o esforço mental sustentado também é impossível e a atenção concentra-se nos temas melancólicos sem poder separar-se deles. Em idosos, as alterações das funções cognitivas na depressão podem ser confundidas com demência.

sábado, 14 de maio de 2011

Brasileiro bipolar é preso no Paquistão


O brasileiro Rodrigo Moreto Cubek, foi preso nesta sexta-feira pela Polícia Paquistanesa, enquanto esbravejava uma pregação católica, dentro da Mesquita de Islamabad, no Paquistão. Segundo informações ele visitou regiões onde moram extremistas islâmicos e na mesquita tentou entrar em área reservada aos muçulmanos e como não conseguiu seu intento, passou a pregar em voz alta, fazendo referência à Virgem Maria.

O governo brasileiro quer que Cubek, que apresenta sinais de desquilíbrio mental, seja enquadrado pelo crime de perturbação da ordem e não por blasfêmia, uma vez que esse crime tem punição severa e retenção do acusado no país até o final do julgamento.

Seu médico alegou que ele sofre de problemas de bipolaridade.

Veja link: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1509604-7823-BRASILEIRO+E+PRESO+NO+PAQUISTAO+APOS+CAUSAR+TUMULTO+EM+MESQUITA,00.html

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Depressão: Vazio= Impotência

Na depressão além da sensação do desconforto existencial, mira-se um vazio, um buraco mesmo, que nos sentimos prestes a cair nele. Além disso, há a angústia; e como a angústia dói. A sensação é de um aperto muito forte no peito; o coração dispara e às vezes vem um choro compulsivo, seguido, ora de alívio, ora de desespero.
A maioria "dos bipolares" fica quieto, distante e triste. Apresenta uma inibição das atividades e pode chegar até a inércia total, apresentando inclusive lentidão psicomotora. A capacidade física fica comprometida, pois o indivíduo sente um cansaço constante. O humor é melancólico e a auto-estima rebaixada. O indivíduo tem sentimentos de inferioridade. Em geral é uma pessoa triste, pessimista e desesperançada. Não consegue refletir; fica quieto, distante e triste. Apresenta uma inibição das atividades e pode chegar até a inércia total, apresentando inclusive lentidão psicomotora. A capacidade física fica comprometida, pois o indivíduo sente um cansaço constante. O humor é melancólico e auto-estima rebaixada. O indivíduo tem sentimentos de inferioridade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Bipolaridade Recorrente

Atualmente vimos observando um considerável aumento nos casos de pessoas com problemas relativos à Bipolaridade no mundo inteiro. Na sua  maioria essas pessoas que eram consideradas "normais", de repente apresentam comportamentos diferentes: como agressividade, atitudes duvidosas e em alguns indivíduos uma excentricidade exacerbada.
O número de pacientes com o mesmo diagnóstico nos hospitais e consultórios psiquiátricos é alarmante e desanimador, uma vez que "esses doentes" passam a fazer uso de uma série de medicamentos controlados, e infelizmente tornam-se totalmente dependentes de seu uso, ao ponto de não se permitirem viver sem ele até para fazer uma pequena compra na mesma rua onde reside.
É certo que a depressão foi denominada o mal do milênio, principalmente nos grandes centros urbanos, aonde o trabalho é o universo preferido e as relações humanas e amorosas são deixadas de lado. E é de dentro "desse universo" que saem os atuais bipolares e depressivos recorrentes... Afinal ser bipolar é fashion?

domingo, 8 de maio de 2011

E já se foram mais de dez anos....

O que para mim era um simples instinto passou a ser um dos meus maiores obstáculos; eu não conseguia atender uma simples chamada telefônica. Era o começo e o alerta de algo que eu já estava sentindo há algum tempo. O pânico, o medo das  pessoas e dos lugares me deixavam imóvel, às vezes não me levantava nem de uma cadeira e percebia que todos observavam a minha falta de iniciativa. Tudo isso me incomodava muito!
Até que em um dia, numa das inúmeras tentativas de emprego, senti que aquele mundo não era mais o meu e saí chorando desesperadamente da sala e voltei para casa sem dar satisfação a ninguém.
No mesmo dia, horas mais tarde, já estava diante de um psiquiatra e após uma entrevista de praxe, o mesmo me diagnosticou como ”Psicótica Maníaca Depressiva", aconselhando-me uma internação de urgência em uma Casa de Repouso para Doentes Mentais.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Euforia e Depressão/ Principais Sintomas

Euforia e depressão
O paciente de bipolaridade pode chegar ao extremo da depressão seguida de suicídio e, no outro extremo, a euforia de tentar escrever um livro num só dia, por exemplo.
Principais sintomas- Depressão: O indivíduo deprimido em geral se sente abatido, quieto e triste. Pode dormir muito, como uma fuga do convívio, reclamar de cansaço em tarefas simples como escovar os dentes, apresentar traços de baixa auto-estima e de sentimentos de inferioridade. Demonstra pouco interesse pelos acontecimentos e coisas e pode se isolar da família e amigos. O indivíduo pode se sentir, nesta fase, culpado por erros do passado, e fracassos em sua vida e de seus familiares. Pode haver irritabilidade, lamentos, e auto-recriminação. Pode haver um distúrbio do apetite, tanto para aumentá-lo, como para diminuí-lo. O deprimido pode apresentar queda na sua imunidade, o que o deixa mais predisposto a contrair doenças. Em alguns casos a depressão pode se manifestar de forma psicossomática, e o indivíduo pode apresentar algumas doenças de causa psicológica, que normalmente se caracterizam por dores pelo corpo ou cabeça.
Na fase eufórica o indivíduo pode apresentar sentimentos de grandiosidade, poderes além dos que possui e grande entusiasmo. O indivíduo passa a dormir pouco, tornar-se agitado. Pode falar muito, ter muitas ideias ao mesmo tempo. Há uma alteração na libido e o indivíduo tem um aumento do desejo sexual. O indivíduo perde a inibição social, podendo passar por situações vexatórias por falta de senso crítico. Nesta fase é comum os indivíduos se endividarem ou perderem muito dinheiro, comprometendo até bens de família. Durante os delírios de grandeza os gastos são muito acima do que sua realidade permitiria. Devido ao grande otimismo, é possível que o indivíduo empreste dinheiro a pessoas a quem mal conhece, e que podem estar aproveitando-se da situação. São comuns manias como perseguição, realização de sonhos (reformas, viagens, compras) que a primeira vista podem até parecer normais. No tipo de THB com surtos psicóticos, é comum nesta fase que o paciente tenha alucinações e delírios de grandeza. : O distúrbio bipolar é uma patologia que acomete cerca de 1,6% da população hoje em dia. No entanto, hoje é tratável. As alarmantes trocas bruscas de humor, todavia, podem ser controladas pelos medicamentos conhecidos. O tratamento com carbonato de lítio é o mais antigo e ainda em uso, e hoje há significativos progressos no estudo de novos tratamentos com poucas, mas significativas novas medicações introduzidas na medicina nos últimos tempos. O lítio induz a uma série de efeitos adversos e, por isso mesmo, precisa ser dosada sua concentração no sangue periodicamente. O tratamento moderno de transtorno bipolar é feito sem lítio, com uso contínuo de olanzapina ou quetiapina. Equivocada é a ideia de que a bipolaridade seria estar hiper contente pela manhã, triste à noite e com um sentimento médio à tarde. Tal ideia não traduz a bipolaridade. Na verdade a bipolaridade pode vir a se manifestar nos dois pólos da doença: depressão e mania. Hoje há remédios de última geração que controlam com sucesso qualquer alteração de humor para esses dois pólos da doença. Com o uso de medicamentos adequados e de apoio psicológico, é perfeitamente possível atravessar períodos indefinidamente longos de saúde e ter vida plena.
Terapia ocupacional:A partir de conceitos do CID-10 o tratamento da bipolaridade não só trocou de nome (PMD - Psicose Maníaco-Depressiva) do CID X mas, também há precoce tratamento aos pacientes crônicos em hospitais-dia, onde se fazem terapias ocupacionais durante o dia e, à noite, os pacientes voltam ao convívio de suas famílias. 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Descrição do Transtorno Bipolar

Como categorizado pelo DSM-IV e pelo CID-10, o transtorno bipolar ou distúrbio bipolar é uma forma de transtorno de humor caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar ideias, e ansiedade ou tristeza. Juntos estes sintomas são comumente conhecidos como depressão maníaca.
O transtorno bipolar do humor, também conhecido como distúrbio bipolar, é uma doença caracterizada por episódios repetidos, ou alternados, de mania e depressão. Uma pessoa com transtorno bipolar está sujeita a episódios de extrema alegria, euforia e humor excessivamente elevado (mania), e também a episódios de humor muito baixo e desespero (depressão). Entre os episódios, é comum que passe por períodos de normalidade.
Deve-se ter em conta que este distúrbio não consiste apenas de meros "altos e baixos". Altos e baixos são experimentados por praticamente qualquer pessoa, e não constituem um distúrbio. As mudanças de humor do distúrbio bipolar são mais extremas que aquelas experimentadas pelas demais pessoas. Veja ciclotimia para uma versão moderada deste distúrbio.
O doente de distúrbio bipolar é também comumente chamado de "maníaco-depressivo" por leigos (e por alguns psiquiatras do século vinte), entretanto, este uso não é popular atualmente entre os psiquiatras, que padronizaram o uso de Kraepelin do termo depressão maníaca para descrever o espectro bipolar como um todo, que inclui tanto o distúrbio bipolar como a depressão; eles agora utilizam distúrbio bipolar para descrever a forma bipolar da depressão maníaca.
A natureza e duração dos episódios variam grandemente de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração. No caso grave, pode haver risco pessoal e material.
A doença pode se manifestar em crianças, porém talvez pela dificuldade em identificá-la, se manifesta em grande parte em adultos, por volta dos 15 a 25 anos.