musica

domingo, 2 de outubro de 2011

PEITO VAZIO

“Peito Vazio”, do nosso inesquecível compositor, Cartola, é a música tema de meu Blog porque ela reflete a sensação plena de minha mente quando estou deprimida e sem quaisquer sinais de alegria, alguma coisa, ou alguém que me faça sentir vontade de sorrir, ou simplesmente de viver...

Nesses últimos dias, meu peito tem estado totalmente vazio: chorei muito, tive raiva, tive medo, pavor. Estava totalmente sozinha. Pela minha cabeça voltaram a passar idéias horríveis. Cheguei a imaginar e criar situações que me tirassem de vez desse sofrimento que é viver entre esses extremos da Bipolaridade e da Depressão Recorrente.

Foi uma semana muito difícil. Cheguei a pensar que não ia completá-la de tão triste e desesperada que estava. Havia também um sentimento de revolta dentro de mim, que eu tento entender, mas não consigo e acho que nunca conseguirei.

Quando as pessoas amigas e parentes me ligam, tentando me acalmar ou dar uma palavra de carinho; sinto que são muito poucos (não porque não queiram), mas porque é infinitamente difícil entender uma mente que se divide em extremos e se deixa cair por tão pouco.

Mas seria verdadeiramente por tão pouco? Não. É  mais complexo do que se imagina. É confuso e às vezes parece não ter explicações, principalmente para quem está longe de viver e nem imagina como o é.

Hoje é domingo e eu estou tentando juntar os cacos dessa semana terrível que passou. Tenho que estar pronta para uma nova etapa, um novo mês, uma viagem. Vou rever a família e a cidade que mais amo, o Rio de Janeiro, aonde passei praticamente toda a minha vida.

Estou entrando agora na fase da ansiedade, separando as roupas e o quê mais vou levar para uns dias longe da minha rotina. Meu coração bate mais forte agora, mas apesar de toda a expectativa e uma ponta de alegria no ar, há sempre uma dúvida para quem vive nessa divisão extrema de sentimentos: Como ficarei lá?  Alegre, triste?

Com toda vivência de mais de dez anos de tratamento, só tenho uma certeza: não posso deixar de levar todos os meus medicamentos e estar preparada para qualquer mudança de comportamento. Afinal, Meu Peito pode ficar vazio em qualquer lugar, com quem quer que eu esteja...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

MANTEIGA DERRETIDA & BULLYING

Durante todo meu período pré-escolar e primário (como era denominado antigamente) passei praticamente sozinha dentro da escola, ou seja, não tinha colegas que brincassem ou falassem comigo porque, simplesmente, não conseguia abrir a boca, a não ser quando chamada pela professora.

Era uma época bem diferente (começo dos anos sessenta) e os profissionais não tinham uma formação pedagógica como a de hoje; que se interessam e interagem com os pais para detectar quaisquer tipos de problemas com as crianças.

Então vivi praticamente sete anos de minha vida dentro da escola, com um ótimo desempenho curricular e didático, mas sem nenhuma atividade recreativa da qual participasse com prazer e efetivamente.

Foram anos de muito sofrimento para mim, principalmente quando chegava a hora do recreio que eu comia meu lanhe e permanecia solitária num cantinho qualquer parada e longe, principalmente dos meninos “que debochavam de mim por eu ser assim...

Eu era uma vítima do “BULLYING” e com certeza na minha escola, mesmo sendo na Zona Sul do Rio de Janeiro, nunca ninguém havia comentado algo sobre o assunto.

Mas, mesmo assim, com todos esses problemas eu gostava da escola, queria aprender e adorava estudar. Era uma excelente aluna. A melhor da classe. Mas acho que talvez eu estudasse mais ainda para aparecer e sobressair de alguma forma, uma vez que era tão ignorada pelos colegas; a não ser aqueles mais espertinhos que se aproximavam de mim em busca de proveito, uma informação, uma cola.

Sempre que penso nisso fico muito triste e abalada. Meu coração dói e fico muito, muito angustiada. Talvez porque, já naquele tempo, achasse que os meus pais deveriam perceber meu problema. Mas eram tempos difíceis pra eles também...

E assim foi passando o meu primário: professoras gentis, indiferentes, doces, sérias ou sem nenhum compromisso. Até que no último ano, quando já me preparava para os exames do Ginásio, veio a Professora Maria Lúcia, uma senhora mais experiente, que mesmo tendo me deixado constrangida ao me chamar de “Manteiga Derretida”; ensinou-me que na vida, nós precisamos aprender a nos defender e que eu tinha que estar preparada para uma nova etapa, onde teria que ser esperta, menos chorona e fazer dos sentimentos “uma espécie de casca” para me proteger daqueles que julgavam-se melhores e capazes de me atropelar...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O OUTRO LADO

Há muito tempo venho pensando em relatar esse episódio triste de minha vida, que tenho certeza, foi principalmente muito marcante para mim, meu companheiro e familiares.

Reluto sempre porque foi, sem sombra de dúvidas, o pior momento de minha vida. O dia e a noite que desejei não fazer mais parte desse mundo... A angústia e a depressão eram profundas demais, embora não me lembre de ter feito queixa ou comentado com ninguém a respeito.

Lembro-me que aguardei meu esposo chegar para irmos ao supermercado. Meu filho costumava chegar tarde, muito tarde ele tinha problemas de insônia na época.


Talvez esteja contando esse fato movida pelas “chamadas” do “Globo Repórter” de hoje que aborda justamente acontecimentos parecidos com minha experiência; ou porque tenha achado que chegou a hora de abrir mais meu coração e alertar aos meus companheiros de Bipolaridade e Depressão de que nada disso vale a pena...

O fato é que naquela noite ingeri diversos comprimidos “para dormir”. Dormi muito, mas felizmente não o suficiente para ir definitivamente para o outro lado. Mas lembro perfeitamente que vi o meu esposo acordar para trabalhar: Esse momento foi desesperador porque eu o via estava de pé ao seu lado e, ao mesmo tempo me via na cama DORMINDO, mas é claro, ele não me via ao seu lado, nem ouvia minha voz. Para ele eu estava simplesmente dormindo, como de fato estava. Ele foi trabalhar e eu continuei ali, perdendo aos poucos a consciência.

Não sei por quanto tempo fiquei assim... Só me lembro que abri os olhos e vi meu filho no computador ao lado da minha cama. Pedi para que ele me ajudasse a ir até ao banheiro. Estava muito fraca, quase desmaiei.

Por sorte, ele ligou pro meu esposo. que chegou a tempo de me por num táxi e me levar para um Hospital próximo. Eu estava indo... O último som que me lembro de ter ouvido foi o da voz da enfermeira dizendo que  não conseguia ouvir minha pressão. Os sons desse Mundo se foram.

Eu estava em um outro espaço. Não digo que vi uma outra vida, um outro lugar; digo sim, que vi uma luz diferente, como jamais vi em toda a minha vida; mas que essa luz foi interrompida pela competência da médica que me salvou e me trouxe de volta a esse mundo do qual não quero ir embora tão cedo ou somente quando for chegada a minha hora!!!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

DO MEU JEITO...

Hoje recebi uma mensagem tão especial quanto a amiga que me enviou. Nela estava a tradução da música “My Way” do inesquecível Frank Sinatra. Eu não conhecia detalhes da letra e confesso que fiquei muitíssimo emocionada com o que ela me fez pensar - ou seja, a maneira que escolhemos para viver.

Tudo que fazemos ou deixamos de fazer as vezes nos levam a nos culpar: Por que não fiz a Faculdade que queria? Por que agi como agi em momentos tão decisivos na minha vida?

Deixei para trás algumas coisas, alguns traumas, alguns sentimentos, mas hoje sei que não me arrependo de nada que fiz e se fiz dessa ou daquela maneira é porque tinha que ser assim

Do meu jeito eu vou vivendo assim e fazendo a minha história...

Coincidentemente nesse final de semana, depois de muitos anos passei meu aniversário ao lado de meus dois filhos, de minha netinha, meu genro e minha nora. Além da enorme alegria de estarmos juntos eu percebi muito mais NITIDAMENTE, que cada um agora tem sua própria história

Durante a viagem de ida fantasiei muito todos os momentos a serem vividos, a ansiedade, típica do meu cérebro coroado de angústias e medos: medo de perceberem minha insegurança, de chorar e me tornar indesejável, de bruscamente ficar triste no meio da festa ou, ao contrário, ficar ríspida e sem paciência.

Um pouco de tudo isso aconteceu: por ser sensível demais chorei, por não concordar com certas atitudes de meu filho, me fechei, me aborreci. Mas ao final desse turbilhão de emoções e sentimentos aprendi e vi definitivamente que eles não dependem mais de mim e que assim como eu, vão viver do jeito que quiserem. E quem sabe, também, assim como eu vão fazer o balanço de suas vidas e suas histórias.

sábado, 27 de agosto de 2011

O TRABALHO DO PSIQUIATRA, TERAPEUTA – ACOLHIDA: CONSEQUÊNCIAS E RESULTADOS

Desde que me descobri depressiva recorrente e bipolar passei por psiquiatras e terapeutas excelentes, mas também passei por grandes decepções. Lembro-me de todos eles com riquezas de detalhes. Por toda a minha vida me achei, diferente, tímida, mas foi exatamente na virada do milênio, após perder meu emprego e tentar em diferentes lugares, recomeçar, tive uma dificuldade imensa: Passava nas entrevistas, meu curriculum era excelente, pois tinha trabalhado em grandes empresas, em cargos de chefia e comando; mas quando começava, mal conseguia atender um telefone, ficava paralisada, olhava as pessoas com muito receio e sentia que elas me observavam.

Foi aí que percebi que eu havia perdido minha capacidade de me relacionar com o ambiente de trabalho que eu gostava tanto, perdido a minha iniciativa e identidade administrativa de que tanto me orgulhava.

Foi num desses dias que desesperada, após, ser dispensada novamente, no período de experiência procurei um psiquiatra, no meio da tarde, e para aumentar ainda mais a minha angústia, fui diagnosticada como: Psicótica Maníaca Depressiva. Mas isso eu já  contei lá atrás no começo do meu blog.

O episódio com esse médico, apesar do diagnóstico pesado e antigo; alertou-me e me chamou para a realidade: Eu, durante toda a minha vida fora dividida entre a alegria e a tristeza. (As vezes me isolava e vivia um mundo só meu (na infância) e, mais tarde jovem e adulta) para disfarçar a timidez, fumava muito. Gastava todo o meu salário com roupas caras, que eu fazia questão de comprar a quase todas as semanas do mês (era uma consumista incorrigível).

Ele era “um Psiquiatra à moda antiga”, recomendou medicamentos ultrapassados, mas me marcou pela sua educação e respeito.

Meses depois procurei o a emergência do PINEL, para quem não conhece, Instituto Philippe Pinel (no Rio de Janeiro), onde fui muito bem recebida e fiz tratamento durante oito anos. Com o tempo fui me acostumando e admitindo a seriedade de minha doença e o quanto é importante o bom atendimento e a acolhida dos profissionais dessa área.

Recentemente fui a uma Clínica Para Tratamento de Doentes Mentais, aqui em Curitiba, onde moro atualmente (única opção de emergência no meu Plano de Saúde), e sinceramente nunca me senti tão “louca” , dado o tratamento (a acolhida) que tive desde a recepcionista e infelizmente e principalmente ao médico que me “me rotulou”: “Trata-se de uma Bipolar, e tem que ser tratada como tal: “Vou encaminhá-la para o Hospital Dia” e trocar toda a sua medicação, vamos acrescentar o lítio...O que a senhora está esperando, vá para o outro prédio para começar o seu Hospital Dia.”

Não preciso dizer que saí de lá arrasada. E é claro que nunca mais voltei. Como um profissional dessa área trata um paciente dessa forma? Fico me perguntando se ele estava num mal dia ou se esse é o seu comportamento de rotina? Se é; pobres depressivos, bipolares, dependentes químicos e “Doentes Mentais” que dependem dessa Clinica.

sábado, 6 de agosto de 2011

Mudanças x Recordações

Sinto falta de risos, sinto falta de vozes... Serão minhas ou serão deles?

Me vejo criança na mesa grande da larga e espaçosa sala de jantar do apartamento em Laranjeiras aonde toda a família se reunia para os almoços de domingo.

Meu avô está lá na cabeceira da mesa, saboreando uma galinha caipira que ele mesmo comprava e matava na cozinha. Quase cego, vovô Cícero sofria de glaucoma, mas mesmo assim não deixava de cumprir esse ritual que ele julgava ser de sua obrigação e que meu pai, nem mais ninguém se intrometia. Tinha uma profunda admiração por esse homem que mal sabia ler e escrever, mas que era dono de uma sabedoria infinita. Ele estava além, muito além do seu, do meu, da nossa era...

Estou viajando no tempo, nesse minuto e sinto os cheiros, os sabores, olho pra toalha bordada de linho, tão linda,bege com bordado marrom bem clarinho. Estou feliz agora, sou uma menina de nove anos; meu pai sorri e minha avó Sebastiana também. E minha mãe onde está? Lá vem ela com mais uma tijela cheia de galinha para alegria dos meus irmãos, dos meus primos e tios.

Ouço vozes e risos... Serão meus ou serão dele? Estou no ano de 1962. Já naquela época apesar da aparente felicidade, eu era extremamente tímida e infinitamente só em minhas brincadeiras, ou seja, tinha momentos de muita alegria e bastante tristeza. Seria eu,, então uma bipolar desde criança?

Quando fazemos mudanças em nossas vidas, folheamos papéis, fotos, objetos, vêem as recordações e às vezes elas são tão fortes que nos transportam, nos levam a lugares que fizeram parte de nossas vidas, momentos especiais que jamais esqueceremos aonde quer que estejamos.

Sinto falta de risos, sinto falta de vozes...Serão minhas ou serão deles?????

sexta-feira, 8 de julho de 2011

SONHOS, REALIZAÇÕES X BIPOLARIDADE E DEPRESSÃO

O que é realizar-se? Passei anos escutando e vivenciando isso... É preciso se realizar!
Ainda em meados dos anos oitenta era importante casar, ter filhos, fazer uma faculdade para conseguir um bom emprego e consequentemente ter uma casa bem decorada para você convidar seus amigos e mostrar-lhes o quanto era importante ser feliz

E esses eram os requisitos para tal Felicidade. Como.  a maioria de meus amigos, incluindo eu mesma, não deu certo. Separei-me, perdi meu emprego “garantido” e voltei à casa de meus pais com um casal de filhos pequenos. Foi uma das fases mais difíceis de minha vida: Foi um “Começar de Novo”, mesmo, bem aos moldes da época.

E daí? O que isso tem a ver com Bipolaridade, Depressão?
Tudo a ver. Acho que a minha geração está repleta de bipolares e depressivos que se frustaram com a Felicidade imposta pela sociedade, no cinema, na TV, enfim  por toda a mídia..

Alguns assumem a sua doença, conseguem conviver com ela, outros negam, têm até preconceito. Acredito que nesses casos, o sofrimento seja até maior; pois quando você não admite que precisa de um tratamento, medicamentos, tem dificuldades de convivência com seus familiares, amigos e certamente com ele próprio.

A verdade é que nós vivíamos um sonho... E quem não conseguiu realizar ficou perdido, triste, deprimido. Abalados por essa insatisfação e se fecharam para a realidade.

Eu me sinto exatamente assim. Não tenho mais sonhos!

Ah! e como dói não ter mais sonhos, projetos, desejos. É como se tudo tivesse morrendo dentro de mim. Não penso no futuro, nem me importa se um dia terei a casa  idealizada, os móveis, aparelhos modernos, carro. Tudo isso é lenda. Não existem pra mim. No momento, é só o vazio. Uma sensação de total falta ou vontade de continuar.

Talvez amanhã, ou depois, eu esteja melhor.Quem sabe até sorrindo e supostamente feliz, eufórica... Cheia de vontade  de  sair para fazer umas comprinhas. Ou talvez quem sabe, esteja mais deprimida e ao invés de estar aqui escrevendo, eu me tranque no quarto, feche todas as cortinas, desligue os telefones e deixe que mundo corra lá fora...

sábado, 2 de julho de 2011

Reportagem exibida no programa "Saúde Brasil" por Lina Menezes

Psiquiatra Dra. Doris Moreno:
"O "Transtorno Bipolar" faz parte dos transtornos mentais e de comportamento e é uma doença crônica, o que indica que ela pode ocorrer durante toda uma vida e ela evolui em episódios ou então continuamente em intensidade variável com sintomas afetivos ou do humor."

O transtorno bipolar" pode acometer pessoas das mais variadas faixas etárias. Costuma-se iniciar por volta dos 18 anos, mas pode ter início inclusiva na infância ou na adolescência.

Jorge Miguel Marinho:
"O que era o transtorno bipolar eu fui aprendendo ao longos de muitos anos, os meus primeiros sintomas que na época nem era entendido como depressão foi bem criança ainda, aos 10 anos."

O transtorno bipolar é a 16ª maior causa de incapacitação segundo a Organização Mundial da Saúde e para 2020 será uma séria preocupação para a saúde pública.

Dr. Beny Lafer (psiquiatra):
"É um transtorno bastante prevalente a população na sua forma mais grave que nós chamamos de Transtorno Bipolar Tipo I, onde as pessoas têm fases de depressão e de mania com prevalência em torno de 1,2% e o Transtorno Bipolar Tipo II que é uma forma mais leve onde a pessoa tem fase de depressão e de hipomania, ou seja, onde a pessoa tem a fase de mania mais atenuada, onde a gente estima que acometa 3% da população, então somados os dois a gente chega a uma prevalência em torno de 4% da população."

A principal causa do Transtorno Bipolar é o fator genético e estudos mostram que a genética contribui em mais de 50% da vulnerabilidade para a doença.

Dr. Flavio Kapczinski (psiquiatra):
"Como essa é uma doença de base genética a gente pode dizer que existem grupos de risco e o maior grupo de risco é o de familiares das pessoas que têm a doença bipolar, então uma criança em que o pai ou a mãe tenham a doença bipolar, deve ser vista com cuidado pelo sistema de saúde para que ela não se exponha a agentes que nós chamamos de patógenos, ou seja, que geram a doença."

Mas a questão genética não é o único foco de atenção.

Dr. Beny Lafer (Psiquiatra):
"Outros fatores são os fatores ambientais, desde o abuso de drogas ou de álcool, até fatores psicológicos. Nós sabemos que muitas vezes o primeiro episódio de depressão ou de mania, é desencadeado e ocorre em uma fase desemprego, perda de um parente ou de alguém importante, de um forte estresse emocional, de certos traumas psicológicos e esses fatores podem desencadear a doença em uma pessoa geneticamente vulnerável."

Elizabeth Correa:
"Fui vítima de uma gestação mal sucedida e isso desencadeou um trauma e eu não podia mais me levantar o equilíbrio mental, isto é, havia dia em que eu ficava muito deprimida e em outros passava."

As características do transtorno bipolar são complexas e não é um problema que pode ser superado apenas com a força de vontade, como alguns ainda imaginam, é uma doença que deve ser tratada como tal.

Dr. José Alberto Del Porto (Psiquiatra):
"O transtorno bipolar, assim como suas consequências, não pode ser atribuído jamais a uma falha de caráter ou uma falha moral e sim como um transtorno biológico que se manifesta no plano do comportamento."

Vamos conhecer um pouco mais sobre a observação dos sintomas que podem servir como sinal de alerta.

Dr. José Alberto Del Porto (Psiquiatra):
"O transtorno bipolar designa a alternância na pessoa de estados de normalidade de humor, com estados de exaltação, excesso de humor, onde a pessoa se mostras excessivamente eufórica, valente, podendo passar de repente para a raiva ou agressividade."

O transtorno bipolar e a depressão, saiba como reconhecê-la:

Dra. Doris Moreno (Psiquiatra):
"Quando a pessoa está deprimida, existem alguns sintomas que são fundamentais, uma que ela tem uma baixa de energia ou de ânimo, tem um humor para baixo ou uma diminuição de interesse, de motivação para fazer as coisas e uma diminuição da capacidade de sentir prazer e alegria e as coisas não têm a mesma graça de antes e ela precisa ter ou não a lentidão dos processos psíquicos e o raciocínio fica mais difícil, mais lento, cai a concentração e cai a menorização.

Jorge Miguel Marinho:
"Quando eu era garoto eu era visto como um sujeito meio estranho, porque vivia triste e introspectivo."

A pessoa também pode apresentar dificuldades de organização e planejamento e isso independe a sua história de vida e do tipo de infância que teve ou se está passando por algum problema familiar ou no trabalho.

Dra. Doris Moreno (Psiquiatra):
"Se a sua depressão for um pouquinho mais séria ai já começa a afetar o conteúdo dos sentimentos e do pensamento, eles ficam enviezados ou inativos, da seguinte maneira, você piora a realidade, ela fica distorcida para o negativo e você aumenta ou cria problemas."

Dr. Beny Lafer (Psiquiatra):
"Se esse problema não for tratado os estudos mostram que as pessoas morrem por suicídio ou se suicidam em até 19% dos casos e para voce ter uma idéia do que isso significa, isso é 30 vezes mais do que o índice de suicídio na população geral, ou seja, é a doença psiquiátrica mais associada ao suicídio."

Na fase de depressão que não é simplesmente uma tristeza comum, o indivíduo pode ter sintomas físicos como alterações no apetite e no peso, dores, insônia, entre outros.

Agora vamos conhecer melhor as características da mania do transtorno bipolar, quando o estado de humor pode estar elevado, apresentando uma alegria contagiante ou uma mania depressiva.

Dr. Beny Lafer (Psiquiatra):
"O humor está espansivo, elevado, eufórico, existe um aumento da capacidade de sentir prazer e busca de atividades prezeirosas, existe uma insônia, uma diminuição da necessidade do sono, não é uma insônia como o depressivo que não consegue dormir e sente muita falta disso, existe alteração nas atividades, as pessoas com mania ou hipermania, é extremamente hiperativa, começa e nem sempre termina inúmeras atividades, busca atividades prazeirosas, é muito impulsiva em diversos aspectos, bebida, sexo e compras."

Não há uma regra que determine como a mania vai se manifestar para o paciente, pode variar bastante de uma pessoa para outra, o senso de perigo fica comprometido e pode haver risco para a integridade física ou patrimonial. A pessoa pode gastar mais do que devia ou do que quer.

Elizabeth Correia:
"A gente gasta bastante quanto está eufórica, existem várias características, no meu caso por exemplo, não gastava em um sapato, era um sapato, mas de todas as cores da loja, era chegar em casa com o porta-malas cheio e depois dava sapatos pra todo mundo, porque a graça estava em comprar, gastar ali na hora, era bijuterias, sapatos, bolsas, de tudo o que você imaginasse eu fazia.

A pessoa com o transtorno bipolar não tratada evoluir e somar grandes prejuízos e ela vai perdendo amizades pelo caminho e pode, como dizem os pacientes, ir de uma condição de "eu te amo" para outra "eu te odeio" em pouco tempo, gerando muita insegurança nas relações.

Elizabeth Correia:
"Além dos gastos, a gente sofre muito com o relacionamento com a família, porque o temperamento fica difícil e a gente não consegue nem passar por um almoço de domingo sem fazer um escândalo, perde a educação mesmo, eu viajava e no meio da viagem queria voltar, porque cismava com alguma coisa e meu marido não sabia com quem ele iria encontrar a noite, ele saia para o trabalho de manhã e não sabia quem iria encontrar a noite quando voltasse."

quinta-feira, 30 de junho de 2011


MEU LIMITE

Não esperava que ela viesse tão rapidamente, porém sabia que viria a qualquer momento. E por fim, já entrou na minha mente – a depressão - e tomou conta do meu corpo e das minhas sensações. Estou só e não tenho a menor vontade de estar com alguém; quem quer que seja. A solidão nesse momento é o que me cabe. A angústia aumenta no meu peito e por instantes pensei em ir para sempre. Tenho medo, medo de mim, dos meus sentimentos e ao mesmo tempo não quero deixar aqueles que amo de maneira alguma.

Assim como, conscientemente, não quero nem pensar em me separar dos meus. Sufoca-me a idéia de que um dia possa perder mais uma vez alguém que eu amo. Definitivamente percebi que não sei conviver com a morte. Foi assim quando meu pai e meus irmãos mais velhos se foram e creio que será assim para sempre.

Sonho com eles todas as noites. Se eles já não fazem mais parte desse universo terrestre; estão em “algum plano” e nesse plano eu convivo com eles. É loucura? Pensem o que quiserem pensar. Foi a forma que encontrei ou meu inconsciente encontrou para amenizar a falta e a saudade que sinto deles.

Meu pai foi um homem maravilhoso, sob todos os aspectos: um excelente filho, um marido dedicado, um pai perfeito (daqueles que tinha sempre a palavra certa nas horas mais difíceis de nossas vidas), uma das pessoas mais dignas, honestas e inteligentes que conheci. Ele era e será meu eterno ídolo!

Morreu no dia 11 de agosto de 1999, há praticamente doze anos, no Hospital Naval Marcílio Dias, de falência múltipla dos órgãos. Ele sofria do Mal de Alzheimer. Nos últimos meses de sua vida eu dei todo o amor e o carinho que uma filha pode oferecer. E até hoje eu não consigo superar sua perda.

Estou escrevendo e a angústia e a depressão estão tomando conta de mim. Minha vontade é de parar, parar tudo, porém preciso externar meus devaneios e é importante pra mim que possa compartilhar com vocês tudo isso.

Sou bipolar e nesse momento estou passando por uma crise existencial muito forte,
meus batimentos cardíacos estão aumentando. Talvez uma dose mais forte de medicamento resolva meu problema. Mas e enquanto isso? O que faço?? ESTOU NO VAMENTE NO MEU LIMITE !!!

sexta-feira, 24 de junho de 2011


Vida e Renovação

Com os Bipolares é assim mesmo, há dias que tudo parece tão maravilhoso, sem sombras. É como se o mundo tivesse criado cores e um brilho especial. Não sei se essa fase vai demorar, ou se vai embora tão rápido que me escape pelos dedos essa sensação maravilhosa. Espero que não, pois estou em estado de graça. Há pouco mais de dez dias nasceu minha netinha. É realmente uma sensação indescritível. Uma emoção que parece transbordar do seu coração para o resto do mundo.

Não quero cair em “lugar comum”, mas é impossível não cair porque ser avó é realmente ser mãe pela segunda vez. E você saber que aquela pessoa faz parte agora também de sua história, mexe com todos os seus sentimentos e você começa a fazer planos para aquela criaturinha, tão pura, tão linda ...

Eu viajei para conhecê-la e durante a viagem comecei a pensar, pensar muito sobre a vida e a renovação. Lembrei do nascimento dos meus filhos, da emoção de cada um, da diferença dos sexos (menina/menino). E que os momentos foram bem distintos e vivenciados também de maneira distinta.

A gente constrói paraísos e castelos para nossos filhos. Quer sonhar por eles, mas não pergunta se eles querem o que nós queremos pra eles. E mais tarde vêem as cobranças. É assim mesmo. Foi assim comigo cobrando dos meus pais, é assim com os meus filhos. E será sempre assim por todas as gerações...

A vida é isso, são esses momentos plenos de alegrias, dos nascimentos, das chegadas, do novo, do bonito, do que se espera para o futuro, da família reunida para confraternizar, para celebrar.

Ah e como é linda uma família reunida, todos em volta da mesa para juntos cantar um Parabéns, saborear uma ceia de Natal e Ano novo., desejar uma Feliz Páscoa e trocar presentes e ovos.

Eu adoro isso e confesso que sinto muita falta desses momentos, principalmente da minha infância, dos meus avós, dos meus pais, meus irmãos., dos meus filhos quando crianças. As vezes a saudade é tão grande que eu tenho a nítida impressão de ouvir o som do passado: São risos, são vozes, são as lembranças que ficarão para sempre porque é a Vida é Renovação.

domingo, 19 de junho de 2011

Como compreender um bipolar

(Por José Luiz de Mello)

Quem sofre do “Transtorno Bipolar do Humor”, vive em um mundo a parte; o mundo de um bipolar não tem as mesmas características do nosso. É um mundo muito mais intenso, um mundo onde tudo o que existe é incomensurável.

No mundo bipolar o sol brilha mais, os dias são mais claros e longos, os bens materiais têm maior importância do que merecem e uma simples palavra pode ser arrasadora ou profundamente confortante.

Os sentimentos não cabem no limite do corpo muitas das vezes extravasando das formas mais variadas e incompreensíveis possíveis.

No mundo bipolar as noites são mais escuras, de um céu nublado sem estrelas nem lua e o silêncio conforta mais do que a mais linda das melodias ou todas as palavras do mundo.

Para um bipolar, fatos que são plenamente compreensíveis e aceitáveis como a morte de um parente mais idoso ou que sofre de uma doença incurável, fatos estes que apesar de difíceis de serem aceitos, são compreensíveis e remediáveis, assumem grandes proporções e como um pêndulo dentro do cérebro e do coração, vão e voltam, batendo de um lado e de outro, trazendo à tona esse terrível acontecimento, até o fim de suas vidas.

Para um bipolar uma vida rotineira e sem altos e baixos é um conto de fadas, para eles essa vida nunca vai existir. Para um bipolar o momento seguinte é sempre uma incógnita e ao mesmo instante que estão felizes, sorridentes, cheios de planos, sentem o peito cortado por uma tristeza profunda, uma tristeza que surge do fundo da alma e sem pedir licença, toma conta de todo o corpo e, então o que antes era um dia ensolarado de uma linda manhã, transforma-se em questão de segundos em um tenebroso dia de tempestade, sem sol, com o céu escuro e frio e o que antes eram planos de sair, ir a um cinema, um teatro, um shopping, se transforma agora em recolhimento: fechar todas as cortinas, apagar todas as luzes e ficar sozinho. Se recolher à clausura, debaixo de um cobertor, sem querer ouvir nem um som sequer.

Mas o que fazer se nem dormir direito se consegue? O que fazer se o mundo lá fora bate à sua porta? Se os amigos insistem em ligar? Isso são infortúnios que nem todos saberão administrar.

Por outro lado, quem pode afirmar que um mundo sem extremos é lindo?
Que um mundo só de alegrias ou só de tristezas é um mundo maravilhoso para se viver?

Não é não! É entediante!

Minha esposa é bipolar e vivo com elas há mais de 20 anos. Não sou psicólogo, psiquiatra, não me formei em nada disso, mas podem acreditar, sei do que estou falando:

- a vida ao lado de um bipolar pode ser maravilhosa - cheias de altos e baixos sim - mas nem por isso deixa de ser maravilhosa.

Se você tem uma mulher ou um marido que um dia sorri pra você, te cobre de beijos e em no outro chora e se recolhe, não querendo sair de casa e se afunda em medicamentos, não faça disso um poço sem fundo, viva a vida do seu jeito e deixa que ela(e) viva a dela(e) da melhor maneira possível.

Não tente moldar sua(seu) companheira(o) do seu jeito, respeite os sentimentos de quem compartilha com você toda sua intimidade, compreenda que um bipolar não consegue esconder quando está triste, assim como nós que conseguimos esboçar um falso sorriso, mesmo nas horas mais amargas.

Não julgue uma pessoa que não pode esconder com uma lágrima quando está eufórica, transbordando alegria por todos os poros.

Essa compreensão fará muito bem a quem vive a seu lado e tenha certeza, você vai descobrir que fará um bem muito maior a você mesmo(a).
(para Maria Tereza)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Teste de Bipolaridade

Teste Psicológico para Identificar Transtorno Bipolar

O "Transtorno Bipolar do Humor" é considerado uma perturbação afetiva com alternância de episódios maníacos e depressivos. No episódio "mania" a pessoa apresenta um estado exaltado de humor e no episódio "depressivo", apresenta humor rebaixado, mostra-se deprimido e desmotivado.

Muitas pessoa têm essa síndrome sem sequer imaginar que a tenha. Faça esse teste e veja se você tem "Transtorno Bipolar do Humor"

Instruções: Os itens abaixo se referem ao modo como você sentiu e tem se comportado durante grande parte da sua vida.

Se você tem sido geralmente de uma maneira, e percebeu que estas alterações ocorreram recentemente, suas respostas devem refletir como está se sentido agora.

Para que os resultados deste teste sejam mais exatos, você deve ter acima de 18 anos e ter tido pelo menos um episódio de depressão.

(   0)  Nunca
(   2)  Muito pouco
(   4)  Razoavelmente
(   6)  Moderadamente
(   8)  Frequentemente
( 10)  Muito frequentemente


1. Às vezes sou muito mais falante ou falo muito mais rápido do que o habitual?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

2. Houve momentos em que eu era muito mais ativo ou fazia muito mais coisas do que o habitual?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

3. Percebo que meu humor está muito acelerado ou me irrito a toa?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

4. Já me senti ao mesmo tempo, altamente motivado e agora sinto-me com a alto estima baixa, sem motivação e ânimo para fazer nada?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

5. Às vezes estou muito mais interessado em sexo do que o habitual?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

6. Minha autoconfiança varia de muito confiante a igualmente muito inseguro?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

7. Houve grandes variações na quantidade ou qualidade do meu trabalho?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

8. Por nenhuma razão aparente, muitas vezes me vejo zangado e hostil?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

9. Tenho períodos de confusão mental (introspecção) e outros períodos de muito pensamento criativo?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

10. Às vezes eu fico muito interessado em estar com as pessoas e, em outras vezes, eu só quero ficar sozinha com meus pensamentos.

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

11. Tenho tido períodos de grande otimismo e outros iguais períodos muito pessimistas?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

12. Já tive períodos de turbulências quando choro e em seguida fico rindo e brincando excessivamente?

(---) Nunca
(---) Muito pouco
(---) Razoavelmente
(---) Moderadamente
(---) Frequentemente
(---) Muito frequentemente

Se o seu total foi de 0 a 9:
Você não tem transtorno bipolar.

Se o seu total foi de 10 a 15:
Você tem possibilidade de estar com distúrbio depressivo.

Se o seu total foi de 16 a 24:
Você pode estar mostrando sinais de transtorno bipolar ou de transtorno depressivo.

Se seu total foi de 25 a 35:
Você mostra tendência a transtorno bipolar.

Se o seu total foi de 36 a 50:
Você apresenta sintomas de transtorno bipolar.

Se o seu total foi acima de 51:

Você é um bipolar e deve buscar ajuda.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Depoimentos sobre Bipolaridade

Depoimento sobre o "Transtorno Bipolar do Humor" apresentado no Canal Viver a Vida.

Danielle Porto, 41 anos, Rio de Janeiro:

Com 36 para 37 anos eu conheci uma pessoa, casamos na igreja e quando ele tinha 32 para 33 anos ele surtou. As pessoas pensavam que ele era um dependente químico e eu era a única que acreditava que ele tinha um problema de transtorno do humor.

Nunca o rejeitei, eu sempre estava por perto, mas ele foi para a rua, perdeu tudo, porém o preconceito maior foram as pessoas me colocarem contra a parede para que eu desistisse dele, mas não desisti.

Consegui interná-lo, ele fez um tratamento e no ano que vem já vai trabalhar. Continuamos apaixonados e eu tenho isso como uma vitória na minha vida, não só por salvar meu casamento, o meu amor, mas principalmente por salvar um ser humano. Ele é um parceirão pra mim e sou uma parceirona pra ele e estou muito feliz com minha vida.

Perguntas e respostas sobre bipolaridade, apresentado por Estêvão Bittar (psicólogo):

Vamos agora a primeira pergunta apresentada por Reinaldo. Ele escreveu o seguinte:

- Estêvão, o meu humor é muito instável, alguns dias eu me sinto extremamente feliz e motivado, saio com meus amigos e trabalho incansavelmente, de vez em quando, eventualmente acordo angustiado e sem vontade de sair da cama. Até já perdi um emprego em uma dessas crises. Minha pergunta é a seguinte: Posso estar com o "Transtorno Bipolar do Humor"? Existe cura pra isso?

- Reinaldo, veja bem, as variações do humor fazem parte do funcionamento humano normal, ninguém consegue ficar de alto astral todo o dia, assim como ninguém consegue ficar mal a todo o momento, porém o mais comum é que existam pequenas variações e que cada dia seja um pouquinho diferente do outro. As oscilações normais do humor podem ser causadas por diversos fatores, como questões de alimentação e de sono por exemplo. Se uma determinada noite você dorme mal, é óbvio que no dia seguinte você estará um pouco desanimado e até mesmo irritadiço. Agora se você se alimenta bem e dorme bem, aumenta sua chance de ter um bom dia, então já que o humor pode ser influenciado por tantos fatores, sempre que alguém me procura queixando-se de instabilidade emocional, eu faço uma investigação das causas. Antes de tudo eu quero saber se as variações possuem alguma relação com as coisas que acontecem na vida dessa pessoa.

Certa vez eu atendi um senhor que se queixava de instabilidade do humor, no entanto, quando eu lhe perguntei sobre suas condições de trabalho, ele me contou que trabalhava com investimentos de alto risco, de modo que a cada dia ele tinha que tomar decisões difíceis que poderiam ou não ser as corretas, sendo assim, as vezes ele ganhava muito e em outras perdia muito, então ficou evidente pra mim que o problema não era com ele, não era ele que era instável, mas sim sua vida e o seu humor era uma reação natural à sua forma de trabalhar, no entanto existem realmente pessoas que sofrem alterações do humor muito bruscas muito extremas e sem nenhuma razão aparente e essas variações extremas são diferentes das variações comuns que a maioria das pessoas experimentam e é muito difícil encontrar as causas dessas variações e nesses casos onde as mudanças são extremas e sem nenhuma razão aparente o indivíduo pode ser citado como portador do "Transtorno Bipolar do Humor" que você citou que é um tipo especial de doença depressiva.

Esse transtorno é bastante comum e alterna duas fazes: a fase maníaca e a fase depressiva e funciona mais ou menos assim.

Quando o indivíduo está na fase maníaca ele tem o humor exaltado, fica inquieto e extremamente ativo, é como se ele estivesse ligado no 220 e quando essa fase passa, a pessoa entra na fase depressiva e então ela se fecha no quarto, sente-se angustiada e não encontra razão para trabalhar nem para viver e passado então um tempo, volta novamente a fase maníaca e mais uma vez o indivíduo fica expansivo e elétrico e assim as fases vão se alternando, uma após a outra.

Quando esses episódios são muito intensos os pacientes recebem o diagnóstico de "Transtorno Bipolar", mas se por outro lado as oscilações forem mais rápidas e menos intensa, o diagnóstico é de "Transtorno Ciclotímico", mas no geral, na prática a lógica desses dois transtornos é muito parecida.

Os pacientes bipolares devem ser acompanhados de perto, isso porque na fase maníaca, é comum que as pessoas esqueçam seus limites e ai elas se afundam em dívidas, pulam de um relacionamento para outro, fazem compromissos que não podem cumprir, querem comprar tudo o que encontram pela frente e assim por diante e na fase depressiva a pessoa se arrepende e amarga as consequências do que fez na fase maníaca e isso aprofunda a depressão, no entanto esse arrependimento é transitório, pois quando volta a fase maníaca a pessoa faz tudo novamente.

Nos casos mais graves os pacientes podem até experimentar delírios e alucinações podendo inclusive perder o contato com a realidade e esse quadro é conhecido como "Psicose Maníaco Depressivo" é grave e requer um tratamento muito especializado, além disso, existem também o risco do suicídio quando a pessoa é atingida pelo "Transtorno Bipolar do Humor".

Um paciente que possui depressão comum, por exemplo, pode até fazer planos de se suicidar, porém as vezes ele está tão deprimido que nem encontra energia para concretizar seus planos, mas o paciente bipolar pode fazer os planos durante a fase depressiva, quando ele está angustiado e concretizar esses planos quando está entrando na fase maníaca, porque nesse momento ele vai ter mais energia e disposição, por isso o risco de suicídio é maior na depressão bipolar do que na depressão comum, mas felizmente existe tratamento para esse problema e alguns antidepressivos podem ajudar, também existem medicamentos que ajudam a estabilizar o humor e os psicólogos também podem oferecer uma terapia que ajuda os pacientes a aprenderem formas mais eficazes e saudáveis de lidarem com as oscilações do humor, no entanto é importante lembrar que o "Transtorno Bipolar do Humor" possui um forte componente genético e o tratamento farmacológico é de extrema importância, então se você acha que pode estar com esse problema, não deixe de buscar atendimento psicológico e psiquiátrico e talvez você descubra, como eu já descobri com alguns pacientes que a sua instabilidade pode ser causada por problemas externos que podem ser resolvidos ou então você realmente receba o diagnóstico de "Transtorno Bipolar do Humor", mas de qualquer forma, as oscilações excessivas do humor sempre indicam que alguma coisa não está indo muito bem na nossa vida e quando as coisas não estão indo bem, o melhor a fazer é buscar ajuda disponível.

sábado, 11 de junho de 2011

Adaptação do Vídeo "Como é ser um bipolar por um bipolar"
(postado no Youtube por Marcos Cruz)

Ser bipolar é acordar com disposição para consertar tudo que está quebrado em casa, passar horas elaborando projetos maravilhosos, estudar com afinco para as provas, se achar melhor e mais inteligente que a maioria das pessoas ao redor, ir para a escola ou trabalho e produzir tanto, ter tantas idéias, impressionar tanto até chegar ao ponto de provocar a inveja e a ira dos que o rodeiam.

Colecionar tantos admiradores verdadeiros por seu talento nato de liderança, quanto inimigos ferrenhos dispostos a tudo para tirá-lo do caminho, podendo permanecer nesse estado dias, semanas, meses a fio ou apenas algumas horas.

Ver as situações rotineiras passarem a ser insuportáveis, as mais insuportáveis do mundo e, de repente, sem nenhuma razão aparente, começar a se irritar com tudo e com todos à sua volta, passar a enxergar a própria rotina como uma incomensurável tortura e sentir a necessidade insuportável de buscar por novidades.

Perceber que as pessoas que nos rodeiam já não conseguem mais permanecer tanto tempo ao nosso lado;
Ver que a criatividade até então fantástica, começa a desaparecer lentamente e despencar de vez por um espiral gradual, constante e sem fim até o fundo do poço.

E  pouco a pouco ir percebendo que toda aquela disposição exacerbada para o trabalho e para o estudo já não mais existe. Ver que agora só uma grande solidão reina em nosso coração, desejando apenas dormir e quem sabe não acordar nunca mais.

Perceber que pensamentos obscuros e autodestrutivos se apossaram de nós.

Você pode até estar pensando que uma pessoa normal também age assim, sentem-se um dia triste, outro dia alegres, porém quem sofre do Transtorno Bipolar do Humor consegue atingir um limite ainda maior do que a normalidade, tanto para a alegria ou para a tristeza e alguns sem o tratamento adequado, chegam até as raias da loucura ou a psicose e a depressão sem tratamento pode levar ao suicídio.

O pior que uma pessoa depressiva pode ouvir durante um surto é: "Isso é falta do que fazer", "Isso é falta de uma religião", quando uma pessoa depressiva em surto ouve isso, piora ainda mais e o pior de tudo é que ela não tem forças para fugir disso porque não tem controle de si no momento e apenas escuta e sofre.

O melhor que uma pessoa que convive com outra assim é levá-la a um psiquiatra que explique pra ela o que é depressão e lhe prescreva uma medicação correta. Nunca tente fazer o papel do médico, não tenha preconceito com relação a psiquiatria, pois isso irá atrasar ainda mais o tratamento bipolar.

Cerca de 80% dos portadores de bipolaridade sem tratamento tornam-se alcoólatras ou dependentes de outras drogas mais pesadas e uma outra grande parte partem para um método mais radical que é o suicídio

O portador da "Síndrome do Transtorno Afetivo Bipolar" pode ter uma vida afetiva normal se seguir uma rotina de tratamento correto, com consultas rotineiras e terapias.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sentimentos x Sintomas

Estou muito confusa em relação aos meus sentimento e/ou sintomas. Não estou conseguindo definir bem se estou deprimida ou tremendamente saudosa e solitária. Mais uma coisa leva à outra e os medicamentos vão segurando.

Espero que segurem o suficiente para eu terminar a semana sem aquela sensação de vazio e angústia.

Sei que vou me repetir, mas na verdade, o frio não tem ajudado para que eu possa sair, fazer algo diferente... Ir ao shopping (Isso é meio perigoso, mas me relaxa muito). Estou sendo muito rígida comigo mesma., pois já há algum tempo que venho me  controlando e me policiando.

Gostaria de poder falar com pessoas que sentem o que eu sinto. Trocar idéias. Aliás, minha intenção ao fazer o blog foi essa. Mas parece que as pessoas têm medo de se mostrarem. Não precisa se identificar, se não quiser, apareça com pseudônimo, um apelido, ou qualquer coisa que seja.

Mas, que tal conversarmos um pouco? Acho que isso nos ajuda. Estou a espera de seguidores e pessoas que queira dividir comigo esse espaço para diminuirmos as nossas angústias.

A mídia está aí mesmo, todo dia, focando o  assunto:

RIO - A Londres do século XIX, o Vietnã conflagrado, uma aldeia da Rússia czarista, a Nova York dos hippies, a Áustria ocupada, o Brasil imperial. Via de regra, na crescente indústria brasileira de musicais, é do exotismo das ambientações que emerge boa parte do espetáculo.

Peças sobre grandes nomes da música são a principal exceção. Há outras, mas, se depender dos produtores Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, uma delas vai deixar de ser.

A dupla está empenhada nos musicais do cotidiano e das relações afetivas.  Vem daí  "Baby", saído da Broadway dos anos 80 e trazido para o Rio de Janeiro atual.

Estréia dia 13 no João Caetano e ocupa o enorme palco o maior teatro carioca com uma trama onde tempo e lugar não são personagens espaçosos. As relações amorosas mais básicas são o que importa.

Principalmente as familiares. A casa, ilustrada por elementos exíguos, é o cenário fundamental. O espetáculo deve emergir do jogo entre os atores.

E da música.  RIO SHOW :   Confira a programação do espetáculo. O cotidiano em "Baby" é a rotina em ebulição de casais descobrindo-se "grávidos" em três etapas distintas da vida

- na pós-adolescência, aos 30 anos e já com o ninho vazio, aos 50. Uma coleção de história sobre as quais dificilmente já não se viveu ou testemunhou algo parecido.  Para os produtores e para o diretor, o americano Fred Hanson, é o tipo de espetáculo que representa uma alternativa necessária às franquias célebres e grandiloqüentes.

A convicção do senso de oportunidade é tal, que outros três musicais de linha semelhante serão levantados pelos produtores em seqüência, entre eles o premiado "Next to Normal", que quebrou paradigmas ao levar à Broadway o drama de uma dona de casa bipolar.

Para "Baby", diferentemente de outras grandes produções recentes, não havia fórmulas de encenação definidas em contrato. Hanson sequer assistiu ao espetáculo original.

O carinho que nutria pela peça vinha das canções de David Shire e Richard Maltby Jr., que ouvia com freqüência e prazer em audições. (Em português, as versões são de Tadeu e Flávio Marinho.) Ao ser convidado para dirigir, Hanson mergulhou na história e ficou certo de que o despojamento lhe cairia bem.

- A versão original (de "Baby", de 1984) não é localizada num lugar especifico. Tem que se entender que são pessoas normais, que existem no mundo inteiro

- diz o diretor, em bom português, que aprendeu dos amigos que fez no Brasil bem antes de dirigir aqui as versões de musicais exemplares da fantasia distante, "Miss Saigon" e "Jekyll & Hyde".  Quando encerrar "Baby", Hanson também mergulha em "Next to Normal".

Vencedora do Pulitzer de 2010 e três prêmios Tony em 2009, a peça traz outro tipo de família. Dessa vez, em frangalhos. No centro, uma dona de casa em profundo sofrimento psíquico. E em sua cabeça intoxicada pelo melhor da farmácia moderna para os males da alma, também há um filho. Um "superboy" como se queixa a irmã ignorada, que a mesma canção chama de "invisible girl" (garota invisível).

- "Next to Normal" é uma trama familiar incrível. É uma "(Quem tem medo de) Virgina Woolf" moderna

- diz Tadeu Aguiar, lembrando a obra-prima do dramaturgo americano Edward Albee, em que a ilusão de um filho mantém um amargurado casal de meia idade paradoxalmente unido e em pé de guera.

Do elenco que vai encarar essa próxima empreitada, já estão definidos Soraya Ravenle no papel principal e o próprio Tadeu, que fará o pai cuidador e aparentemente centrado que se obriga a manter os pratos girando no ar.

Na Broadway, o tema inóspito da bipolaridade e a simplicidade da cena (seis atores num cenário de estruturas secas de metal e vidro) pegaram muita gente de surpresa. Sem peripécias de cortar a respiração da platéia e aparato externo para sufocar os atores, a beleza da música e o poder da interpretação podiam respirar.

E sobressair.

A música de Tom Kitt ("Alta Fidelidade" ) é um pop rock que alcança tons de tremenda angústia, intensificada pela letras e diálogos desconcertantes de Brian Yorkey (é dele o Pulitzer).

A interpretação da protagonista Alice Ripley levou o Tony.

Em "Baby", as linhas musicais de David Shire ("Os embalos de sábado à noite") são mais aconchegantes ("Ele tem uma sofisticação de bossa nova", diz Hanson). A trama, apesar de cruzar com separação e aborto, é menos árida, nos diálogos de Sybille Pearson (indicada ao Tony por "Baby") e nas letras de Richard Maltby Jr. ("Miss Saigon").

Mas os atores também acharam ali um exercício que julgaram revigorante.
- O maior desafio é que é um espetáculo que tem que se fazer de verdade. São pessoas comuns. Não são caracterizado, caricaturais.

São comuns, na vida cotidiana. A gente faz musical há muito tempo. E pela primeira vez a gente fez trabalho de mesa num musical. Quase stanislaviskiano - conta André Dias ("Avenida Q" e "Era no tempo do rei").

- Normalmente tem um lado prático muito grande. A gente vai fazendo a partir da forma, e da forma vai tirando o conteúdo. Aqui, fez o oposto.

A gente fez trabalho de mesa, gênese de personagem e entrou em cena o personagem todo estudado.

André divide palco com as "mães" Amanda Acosta ("My Fair Lady"), Sabrina Korgut ("Avenida Q") e Sylvia Massari ("A gaiola das loucas"), com os "pais" Olavo Carvalheiro (estreante em grande produção) e Tadeu Aguiar ("Esta é a nossa canção") e com mais 12 atores no elenco de apoio.

Amanda Acosta lamenta o fato de o estudo aprofundado dos personagens e do texto ser incomum nos musicais.

- Tem musical que vai para esse lado mais fácil, mas depende também do diretor. Muitos personagens perdem-se porque se fica no superficial. Acontece muito isso. É uma pena

- diz a atriz.  Antes de "Baby", Tadeu e Eduardo já tinham enveredado para o lado mais psicológico dos musicais, com "Esta é a nossa canção", sobre a relação entre um compositor e uma letrista. Entre "Baby" e "Next to Normal", eles vão dar uma pausa nos temas de família e voltar às relações de casal, com "As quatro faces do amor", em que dois casais vivem todas as possibilidades de combinação entre si. O texto é de Eduardo Bakr, autor da pesquisa que resultou na seleção das músicas da peça - todas saídas da obra de Ivan Lins.

- Uma delas será inédita, para o espetáculo

- diz Tadeu, que conta com Tiago Fragoso e Mariana Rios no elenco e Cininha de Paula na direção.  Para mais adiante, Tadeu e Eduardo já têm engatilhado o espetáculo "The story of my life", produção recente da Broadway como "Next to normal".

Dessa vez, uma história de amigos.

- Um é escritor e o outro é um filho de um dono de livraria. Eles prometem que, quando um dos dois morrer, o outro fará a eulogia no enterro

- conta Tadeu.

- O que se torna escritor volta à cidade quando o amigo morre. Ele se tornou um escritor de sucesso em cima das histórias que ouvia do amigo na livraria. Mas o que ficou na cidadezinha havia matado, talvez por não suportar o sucesso do outro.  Os produtores não temem o peso do assunto.

- A gente tem sempre o desejo de falar de coisas em que a gente acredita e vão suscitar transformação. A gente não quer só a diversão - diz Eduardo Bakr.

- Claro que é uma pretensão. Mas é a pretensão do artista.

A gente busca temas que belisquem, que as pessoas levem para depois do jantar.

(Globo Online de 12/05/11)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Rotina / Saudade

Rotina/Saudade

Esse espaço não  chega a ser um diário, mesmo porque nem todos  os dias eu tenho vontade de falar e expressar meus problemas  quanto à bipolaridade e suas consequências na  minha vida e na dos que me rodeiam.

Hoje, por exemplo, em plena segunda-feira, de uma manhã muito fria e com uma gripe  muito forte, daquelas que não deixa você dormir por causa da tosse , nariz entupido e garganta em brasa, eu cheguei a ficar em dúvida se estava deprimida por causa do frio, da solidão do apart., da falta de expectativa ou se pelo conjunto de tudo isso.

É claro que cheguei a conclusão que o conjunto de todos esses fatores me deixaram assim... Totalmente sem vontade de nada: sem vontade de falar, de comer, de fazer absolutamente nada.

Quando acontece isso, prefiro evitar o telefone, não sair em hipótese alguma e falar apenas com quem convivo diariamente; mesmo assim somente o suficiente. É que tudo me incomoda: da mesma forma que o barulho, o silêncio.

Será uma crise?  Não, não considero uma crise, apenas  mais um momento de irritabilidade, próprio da doença, mas que  não chega a afetar em muito, a minha rotina.

O que me afeta mesmo é a saudade. Não sei porquê tenho uma saudade tão grande. Eu considero essa saudade um sentimento que me acompanhou durante toda a minha vida. Desde quando eu  era criança;

Quando eu me separava  temporariamente de alguém da minha família, quando meus pais precisavam viajar, até mesmo quando meus irmãos saiam para lugares que eu não podia ir  por ser bem mais nova: eu ficava muito triste, me sentia perdida e sozinha.

Hoje em dia essa saudade ,é claro, se acentuou muito mais porque eu estou morando longe de minha mãe, meus irmãos e filhos e sobrinhos.

A saudade é um sentimento que para mim dói no peito, aperta mesmo. Aí eu fico sem chão e choro, choro muito...

domingo, 5 de junho de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar
(Transcrição da declaração do Dr. Cesar Vasconcellos de Souza para o Portal Natural)

O "Transtorno Afetivo Bipolar" é um tipo de doença que é bastante conhecido na mídia e que também tem uma incidência bastante grande no âmbito mundial, que antigamente era conhecido como "Psicose Maníaco-Depressiva".

O "Transtorno Afetivo Bipolar", como o próprio nome já diz: "Bipolar", tem duas fases, uma fase de "Manias", não as "Manias" no sentido popular, no sentido de mania, mas de animação excessiva, associado ao quadro depressivo, apresentando dois polos, e por isso se chama "Bipolar".

A pessoa que tem o "Transtorno Afetivo Bipolar", pode ter uma crise de "Mmania", onde a pessoa fica super excitada, super eufórica e agitada, com mil planos, mil idéias, mas desconectadas com a realidade, podem haver graus  diferentes, já que existem os graus "bipolar I" e o "bipolar II". No quadro de bipolaridade I, a pessoa tem um quadro maníaco importante e o quadro depressivo e o "bipolar II" tem o quadro conhecido como hipomaníaco que é mais amenizado em relação a esse momento eufórico.

A pessoa que tem o "Transtorno Afetivo Bipolar", pode ter apenas uma crise na sua vida maníaca ou eufórica, associada a uma ou mais crise depressiva, não precisa ter passado necessariamente por várias crises ao longo da sua vida ou permanecer em crise o tempo todo.

A crise maníaca se caracteriza basicamente por uma fuga de idéias, uma agitação psicomotora, uma inquietude, com idéias ixageradas, ela por exemplo quer comprar coisas que não tem condições de comprar, porque ela se acha capacitada pra isso, porque está eufórica, dominada e quando está numa crise importante, chega a acordar as 2h da manhã e ligar para as pessoas, sem querer saber se a pessoa está dormindo ou não, porque ela está fora da realidade, está em uma "Crise Maníaca".

A crise depressiva, como o próprio nome já diz, é aquela fase depressiva, de tristeza, falta de energia, baixa alta-estima, falta de capacidade de realizar suas tarefas, portanto para tratar um quadro de "Transtorno Afetivo Bipolar", a medicação é um dos fatores, a psicoterapia é outro fator, a orientação da família, a alimentação, os cuidados físicos, a utilização de recursos mais naturais e exercícios físicos, porque se a pessoa está em um quadro depressivo, a atividade física é um fator muito e importante e em um quadro maníaco, a pessoa precisa de orientação psiquiátrica, provavelmente vai precisar fazer uso de algum neurelético ou sais de lítio, para ter esse controle dessa crise e no quadro depressivo, vai precisar de alguma medicação específica, talvez precise de medicação ou talvez não, mas o que eu quero frisar é que de qualquer maneira, existe sim o tratamento para o "Transtorno Afetivo Bipolar", então você deve procurar um psiquiatra que é o profissional adequadro para esse problema e que poderá orientar adequadamente o paciente a família quanto a esse transtorno e que irá orientar sobre o tratamento mais adequadro em função da fase que a pessoa está vivendo e esse tratamento exigirá provavelmente a medicação, a psicoterapia a orientação da família e algumas orientações gerais para a que a família possa ajudar essa pessoa no seu tratamento afetivo bipolar.

Vídeo apresentado no programa OLGA BONGIOVANNI:

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Bipolaridade (Convívio e Perdas)

Estou voltando de uma viagem. Fiquei quinze dias ao lado de minha família. Em meio a tantos conflitos que envolvem mãe, filhos, irmãos, sobrinhos, enfim as nossas origens, o nosso sangue, vem uma sensação melancólica relativa ao tempo que vivemos e ao tempo que ainda temos de convivência.

Não que eu não tenha noção da perda e como é difícil superá-la. Acho que cada momento que vivi com aqueles que julgo mais fracos foi intenso. Mas terá sido o suficiente? Fico me perguntando por quê?  A morte realmente assusta e não adianta dizer que não temos medo dela.

Eu perdi um irmão há pouco mais de dois anos. Era uma pessoa super alegre, divertida, vivia de bem com a vida mesmo e uma de suas frases inesquecíveis era: “A morte não faz parte dos meus planos. “A lembrança que ficou dele foi a mais positiva de todas, embora sua alegria e seu entusiasmo nos façam tanta falta... Chega! Não vou mais falar sobre coisas tristes. Não estou deprimida. Estou apenas filosofando e constatando que precisamos aproveitar cada minuto especial que vivemos ao lado daqueles que nãos são especiais.

O Preconceito ainda é muito grande

Por mais que se fale no assunto, na mídia em geral, em livros especializados, infelizmente o preconceito ainda é muito grande e é preciso conscientizar as pessoas sobre o problema.

Hoje eu tive um exemplo típico de preconceito e total desconhecimento sobre o que é o Transtorno Bipolar. Para divulgar o meu blog e também ajudar as pessoas, postei num site relacionamentos o nome do site e como acessá-lo. Para surpresa muitas pessoas que eu julgava terem conhecimento do problema, enviaram mensagens hostilizando o tema e debochando do Título.

Algumas até me mandaram mensagens solicitando explicações sobre a minha postura.

Foi uma decepção terrível. Quero que essas pessoas saibam que sofro sim desse problema, mas não me envergonho. Faço tratamento para amenizar os sintomas; conto com a ajuda do meu companheiro e de toda a minha família no sentido de não ser marginalizado, o que infelizmente acontece em muitos lares e famílias.

Santa Casa abre vagas para crianças bipolares

O serviço de psiquiatria infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio abriu 80 vagas para crianças e adolescentes, entre seis e 14 anos, que sofram de depressão e transtorno bipolar. Os inscritos passarão por uma avaliação com médicos e psicólogos, que levarão em conta o cotidiano e seu relacionamento escolar. Em seguida, elas começarão o tratamento com atendimento terapêutico individual. Os pais também passarão por avaliação neuropsicológica.

De acordo com o chefe do serviço Infanto-juvenil do Ambulatório de Psiquiatria, Fábio Barbirato, a bipolaridade é caracterizada pelos múltiplos episódios de depressão e excitação. As mudanças de humor vão desde oscilações normais, como nos estados de alegria e tristeza, até o desencadeamento de doenças, como depressão e mania excessiva. A inscrição deve ser feita no Ambulatório de Psiquiatria da Santa Casa, de 9h às 12h, na Rua Santa Luzia, 206, no Centro. Informações pelo telefone 2533-0118.

Atriz Catherine Zeta-Jones anuncia que sofre de distúrbio bipolar

A atriz Catherine Zeta-Jones iniciou um tratamento para distúrbio bipolar depois de lidar com o estresse da batalha do marido contra o câncer na garganta. Com 41 anos, ela decidiu se internar em um "estabelecimento de saúde mental", no que seria uma breve estadia, informou sua assessora.

O ator Michael Douglas, que teve um tumor em estado avançado diagnosticado na garganta no ano passado, anunciou em janeiro que estava curado.

Em setembro de 2010, Catherine disse que estava furiosa porque os médicos não conseguiram detectar o câncer numa fase inicial. A bipolaridade, também conhecida como psicose maníaco-depressiva, causa severas mudanças de humor, que geralmente duram semanas ou meses.

- Depois de lidar com o estresse do ano passado, Catherine resolveu se internar para tratar seu problema de bipolaridade - disse Cece Yorke, assessora da atriz.

- Ela está se sentindo ótima e ansiosa para começar a trabalhar esta semana em seus dois próximos filmes. Não foi informado quando Catherine teve a doença diagnosticada.

Nas variações de humor, o distúrbio de bipolaridade pode deixar a pessoa depressiva e com uma sensação de desespero; sentindo uma alegria aguda, e manifestar excesso de atividade e perda de inibição; ou num estado misto, que reúne depressão com a inquietação e atividade excessiva em momentos de euforia.

As causas exatas são desconhecidas, mas já foi descoberto que há uma influência genética, que a doença pode estar relacionada a problemas fisiológicos no sistema do cérebro responsável por controlar o humor, e que o estresse pode desencadear essas variações.

Pacientes que sofrem do distúrbio têm mais de um episódio de depressão severa, mas apenas momentos leves de euforia. Mark Davies, da organização de ajuda a pacientes de doenças mentais Rethink, disse que a atriz mostrou coragem em revelar o distúrbio, já que ainda há um estigma de quem sofre com a doença:

- Apesar de ela poder se sentir frágil e vulnerável nessa situação, ela terá dado conforto a muitas pessoas que provavelmente estão sofrendo em silêncio e sentindo uma grande dose de medo.

Davies afirmou que a atriz deve ser submetida à administração de medicamentos e terapia de fala, cada vez mais reconhecida como eficaz em casos de doença mental grave. Estima-se que cerca de 1% da população mundial sofre de distúrbio bipolar.

sábado, 28 de maio de 2011

Entrevista sobre Bipolaridade
(Dr. Marco Antônio Brasil, Psiquiatra)

O transtorno bipolar é uma doença psiquiátrica grave e que acomete pessoas que sofrem de períodos de depressão e períodos de mania.

Mania que falamos em psiquiatria não é aquela mania de colecionar, mania de fazer alguma coisa, são períodos de uma euforia intensa imotivada. São pessoas que entram em uma vaze de grande atividade – querendo fazer mil planos, não dorme -, é uma atividade exagerada e exacerbada e muitas vezes podem ser acompanhadas também de grande irritação e a partir daí, podem ter também períodos depressivos em que a pessoa perde a vontade de viver, passa por uma profunda tristeza, uma tristeza que tem uma característica que a diferencia da tristeza normal, é uma tristeza imotivada e não há uma razão pela qual a pessoa possa explicar o porquê de estar tão triste.

Então na realidade o Transtorno Bipolar é uma doença que tem episódios chamados de fases. São fazes depressivas intercaladas ou muitas vezes sucedidas por períodos chamados de fases maníacas que como já foi dito são essas fazes de grandes agitação e euforia.

Até que ponto isso pode ser considerado grave?

Essa gravidade pode chegar até a uma interrupção total da capacidade de relacionamento social e laborativa exigindo às vezes a buscar, nas fazes mais graves, até uma internação psiquiátrica.

Como identificar que uma pessoa está sofrendo do transtorno bipolar e até diferenciá-la de uma portadora de outras doenças como a Síndrome do Pânico ou até a própria Depressão?

Basicamente o transtorno bipolar é o transtorno do humor, ou seja, o que está basicamente comprometido é a afetividade da pessoa – ela tem uma profunda tristeza em suas fases depressivas, imotivada – que impede em muitas vezes que a pessoa faça sequer suas mínimas atividades, cuidados com a higiene e alimentação nas fases mais graves e nas fazes maníacas, nas fazes de grande agitação, a pessoa pode ficar extremamente agitada, sem dormir, inconveniente, sem limites, perdendo todas as normas sociais, trazendo um grande problema para o paciente e seus familiares.

Como funciona o tratamento?

O tratamento do Transtorno Bipolar é feito com psicofármacos chamados de estabilizadores do humor que visa que essas pessoas tenham essas fases depressivas e maníacas, essas fazes de excitação e em algumas vezes torna-se necessário associar, nos casos mais graves os chamados neurolépticos, que visam conter a agitação do paciente e nos casos mais graves ainda de depressão, o uso por curtos períodos dos antidepressivos.

Quais os tipos de Transtorno Bipolar?

O que existem são variações de intensidade, existem transtornos bipolares onde você tem um quadro com dias seguidos de uma pequena excitação ou quadros em que você tem o Transtorno Depressivo associado, sucedido ou vindo após esse períodos de fazes graves de excitação, então nós temos o Transtorno Maníaco chamado de Tipo I em que você tem as duas fazes em grande intensidade – a fase depressiva e a fase maníaca – e o Tipo II que é quando você tem o quadro depressivo seguido ou depois de algum tempo surgindo a fase maníaca de menor intensidade conhecida como Fase Hipomaníaca, uma fase que não é plenamente maníaca.

Porque o paciente deve buscar a ajuda de um profissional e o que pode ocorrer caso ele não tome essa providência?

Em primeiro lugar, um paciente que sofre do Transtorno Bipolar, o seu nível de sofrimento já é bastante para ele ter a necessidade de procurar ajuda. Muitas vezes o paciente com Transtorno Bipolar entra em um quadro depressivo e acha que não tem o que fazer mais, que nada mais pode ser feito, então cabe a família procurar ajuda e levar esse paciente para ser cuidado e em outras vezes, o paciente na fase maníaca, sobretudo no início dessa fase maníaca ele se sente muito bem, fica eufórico, agitado e acha que não tem motivos para procurar por ajuda, por isso fica difícil nessa fase inicial a procura por tratamento, mas na medida que a doença vai se agravando, seja o quadro depressivo ou o maníaco, as limitações, os comprometimentos, o nível social, a incapacitação geral, vai aparecendo de tal forma que o paciente tem de qualquer maneira ser levado a tratamento e caso ele não seja levado o que pode ocorrer é que ele passe a ter episódios depressivos sucessivos, porque o Transtorno Bipolar é uma doença recorrente, ou seja, ela aparece em fases. Tem um período onde a pessoa está bem, mas isso não implica que ela vá continuar sempre bem, ela pode vir após um episódio depressivo vir a ter outros episódios depressivos ou outras fases maníacas.

A família pode e deve acompanhar o tratamento?
 Não só deve como é fundamental porque o Transtorno Bipolar é uma doença que não só compromete o paciente, mas toda a estrutura familiar. O paciente em um quadro depressivo deixa de trabalhar, deixa de ter contatos sociais e isso tem repercussão dentro da estrutura familiar e da mesma forma, em suas fases maníacas o paciente fica completamente eufórico e inadequado, também repercutindo no ambiente familiar.

O Transtorno Bipolar tem cura e a pessoa pode levar uma vida normal?

Não, basicamente dentro da medicina essas doenças não são curáveis, as que são curáveis são os quadros infecciosos. Você cura uma pneumonia, mas a maioria dos casos em medicina, não só em psiquiatria, mas em toda a medicina, é que nós controlamos, nós evitamos que essas pessoas tenham novas crises, que mantenham sua pressão arterial controlada, que tenham seu nível de glicose mantidos dentro das taxas normais e da mesma forma na psiquiatria, utilizando-se os estabilizadores do humor, conseguimos manter o paciente protegido de novos episódios sejam eles depressivos ou maníacos.

Dá para evitar o Transtorno Bipolar?

Em grande parte dos paciente é possível sim mantê-lo estável e mesmo aquele paciente que possa vir a ter algum episódio após o tratamento desse episódio com o uso da medicação, não terá esse episódio com a mesma intensidade anterior se ele não tivesse se tratado.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA

A psicose maníaco-depressiva é uma das formas da psicose, doença mental grave e ao contrário do que muitas pessoas pensam, é tão comum como a esquizofrenia, que apresenta uma desordem mental mais freqüente, e cerca de um terço dos doentes internados em clínicas psiquiátricas pertencem a este grupo.

A psicose maníaco-depressiva pode instalar-se em qualquer idade, mas predomina entre os 20 e 60 anos.

As mulheres são mais freqüentemente atingidas que os homens, constituindo cerca de dois terços de todos os casos conhecidos.

A psicose maníaco-depressiva antigamente era conhecida como loucura cíclica, em razão de ter ciclos alternados de mania e de depressão.

Na fase maníaca, a pessoa pode dar mostras de uma intensa energia, atividade incessante e bem-estar exacerbado.

A impulsividade e a excitação motora podem ser acentuadas e suas idéias grandiosas e indubitavelmente agradáveis, expressando-se por um falar ininterrupto, porém Seu juízo parece desordenado e a capacidade para concluir os pensamentos bem diminuídos.

Os modos se alteram bruscamente, até chegar à irritabilidade, maus modos e raiva, e nestes momentos pode aconselhar e criticar outras pessoas, tentando mostrar sua superioridade.

Como em outros casos de psicose, a pessoa afetada provavelmente tem planos ambiciosos. O psicótico maníaco-depressivo imagina que é uma personalidade exaltada e poderosa, talvez um grande cientista ou ator, rei ou salvador da humanidade e pode exigir atenção agressivamente, expressando seus desejos sem cessar.

Durante a fase maníaca pode mudar completamente as costumeiras atitudes e sua ética e moral pregadas anteriormente. Na maioria dos casos, apresenta-se então um erotismo acentuado e, às vezes, alcoolismo e toxicomania.

0A hipomania ou mania menos aguda é uma forma mais benigna da mania. Aí, também, uma energia excessiva e grande atividade são os sintomas.

O humor da pessoa e seu modo de falar tornam-se espalhafatosos ou entremeados com ataques de riso, e embora não existam idéias de grandeza, o hipo-maníaco demonstra um excesso de amor-próprio que o leva a extremos e com frequencia explodem em episódios de raiva e irritabilidade.

A fase maníaca da psicose maníaco-depressiva alterna-se entre uma condição emocional dolorosa, na qual a pessoa se vê extremamente deprimida e miserável, onde nesse estado poderá até insultar a si mesma e se rebaixar, desesperando-se por algum sentimento de culpa, sempre gerado por pecados e erros ilusórios, podendo inclusive cogitar o suicídio, considerando-se como indigna de viver.

As desilusões e alucinações são freqüentes e sintomas como lentidão, incapacidade de tomar decisões e falta de concentração são bem frequentes.

Este estado depressivo da psicose, pode se fazer acompanhar de sintomas físicos tais como constipação, língua pegajosa, insônia, perda de peso e muitos outros.

A atividade intelectual é suprimida, enquanto a pessoa se deixa envolver profundamente em ilusões perturbadoras e o estado de estupor não é raro.

As mulheres cheam a tomar aversão por sexo e pelos homens.

Os ataques maníaco-depressivos, podem ocorrer originalmente por grande tensão emocional grande, podendo persistir por períodos curtos ou duradouros.

Se forem isolados ou infreqüentes, existe uma possibilidade de recuperação. Mas a cura total e completa é muito rara.

Psicose Maníaco-Depressiva, segundo o professor Waldo Vieira: Assista o vídeo:

terça-feira, 24 de maio de 2011

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

Psiquiatria:

Antigamente o transtorno bipolar era conhecido pelo nome de psicose maníaco-depressiva, uma doença psiquiátrica caracterizada por alternância de fases de depressão e de hiperexcitabilidade. Nesta fase, a pessoa apresenta modificações na forma de pensar, agir e sentir e vive num ritmo acelerado, assumindo comportamentos extravagantes como sair comprando compulsivamente tudo o que vê pela frente. Sabe-se que os transtornos bipolares estão associados a algumas alterações funcionais do cérebro que possui áreas fundamentais para o processamento de emoções, motivação e recompensas.

Conhecendo o inimigo:

A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.

Fase Maníaca:

Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.       

Fase depressiva:

É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.

Riscos, dos portadores de TAB:

A mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais freqüente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Também doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas cardiovasculares são mais freqüentes entre portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral. A associação com a dependência de álcool e drogas não apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TB, piora a adesão ao tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio.

Tratamento:

O tratamento adequado do TB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores. Em linhas gerais, inclui necessariamente a prescrição de um ou mais estabilizadores do humor em associação (carbonato de lítio, ácido valpróico/valproato de sódio/divalproato de sódio, lamotrigina, carbamazepina, oxcarbazepina). A associação de antidepressivos (de diferentes classes) e de antipsicóticos (em especial os de segunda geração como risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol) pode ser necessária para o controle de episódios de depressão e de mania.


domingo, 22 de maio de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar (Vulgarização da doença)

Quem sofre de bipolaridade vive entre a euforia e a depressão e o tempo todo, é como se brincasse em uma gangorra; horas estão lá em cima, horas lá embaixo e apesar do transtorno bipolar ser uma doença psiquiátrica grave que acomete pessoas que alternam períodos de depressão e manias, a vulgarização é cada vez maior. Cada vez vemos mais a mídia retratar o assunto como uma coisa banal. Quantas vezes já vimos piadas com "Tarja Preta", "Ser Bipolar é Fashion", "Estou na moda, sou bipolar, sou bipolar", como se uma pessoa acometida por esse mal fosse referência de modismo e apreciação.


Quem é acometido pelo TAB, tem muitas "manias" e essas "manias" tão comentadas na psiquiatria não são aquelas manias de colecionar alguma coisa, juntar quinquilharias antigas, comprar roupas em demasia e sim períodos de euforia intensa imotivada.

O humor das pessoas com transtorno bipolar oscila como uma gangorra. É mais do que um mau humor matutino, e essa bipolaridade os leva a ter impulsos imprevisíveis e muitas vezes agressivos.

As curvas do humor alteram muito o ritmo de vida da pessoa acometida pelo transtorno bipolar, uma vez que seu portador é levado a uma fase de grande atividade, querendo fazer mil planos, existem aqueles que não dormem direito, acompanhada de grande irritabilidade, partindo ai para períodos depressivos e de tristeza profunda.

Muitos portadores do TAB perdem a vontade de viver uma vez que são acometidos de uma, uma profunda tristeza que tem como característica não ter nada a ver com a tristeza normalmente vivenciada por uma pessoa não portadora dessa doença. É uma tristeza imotivada, ou seja, não há uma razão pela qual a pessoa pode explicar porque está tão triste. Então na verdade o transtorno bipolar é uma doença composta por episódios, conhecidos na medicina convencional como "fases".


"LUA ADVERSA
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm, no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles"



As fases depressivas são intercaladas e muitas das vezes sucedidas por períodos chamados fases maníacas que são as fases de grande excitação e euforia como foi dito anteriormente.

A diferença do "transtorno bipolar" para outras doenças, como "síndrome do pânico", "depressão", dentre outras tantas é que o "transtorno bipolar" é uma doença do transtorno do humor, ou seja, está associada basicamente à efetividade da pessoa. Alternando períodos de profunda tristeza nas fases depressivas imotivadas e muitas das vezes são impedidas de fazer suas atividades corriqueiras, como por exemplo, em casos graves não cuidar da higiene, não se alimentar.

E na fase maníaca a pessoa fica extremamente agitada, sem dormir, inconveniente, não tendo limites, trazendo um grande problema a si mesmo.


O tratamento do transtorno bipolar é essencial, e quanto mais cedo se diagnosticar a doença, melhor será a vida em sociedade do individuo. O tratamento é feito através de psicofármicos, chamados de estabilizadores do humor. Em que visa evitar que a pessoa tenha essas fases repentinas maníacas e alguns casos (mais graves) o médico associa com o uso de antidepressivos. Sem o tratamento adequado, a pessoa poderá sofrer quadros sucessivos já que o transtorno bipolar é uma doença decorrente (aparece em fases).

Infelizmente o transtorno bipolar não tem cura. Mas com o paciente diagnosticado e fazendo o tratamento correto, evita-se que se tenham novos episódios, sejam eles depressivos ou maníacos. E para que a doença se transforme em uma aliada, o tratamento exige a mudança de alguns hábitos, como dormir bem, evitar substancias que têm ações no cérebro (estimulantes ou depressivos).

O lamentável que ainda existam pessoas que vulgarizem essa doença, façam piadas que caiam na mídia e se transformem em modismo.

Depois de lerem isso tudo, me respondam com sinceridade:

"Ser bipolar é fashion?"