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sexta-feira, 8 de julho de 2011

SONHOS, REALIZAÇÕES X BIPOLARIDADE E DEPRESSÃO

O que é realizar-se? Passei anos escutando e vivenciando isso... É preciso se realizar!
Ainda em meados dos anos oitenta era importante casar, ter filhos, fazer uma faculdade para conseguir um bom emprego e consequentemente ter uma casa bem decorada para você convidar seus amigos e mostrar-lhes o quanto era importante ser feliz

E esses eram os requisitos para tal Felicidade. Como.  a maioria de meus amigos, incluindo eu mesma, não deu certo. Separei-me, perdi meu emprego “garantido” e voltei à casa de meus pais com um casal de filhos pequenos. Foi uma das fases mais difíceis de minha vida: Foi um “Começar de Novo”, mesmo, bem aos moldes da época.

E daí? O que isso tem a ver com Bipolaridade, Depressão?
Tudo a ver. Acho que a minha geração está repleta de bipolares e depressivos que se frustaram com a Felicidade imposta pela sociedade, no cinema, na TV, enfim  por toda a mídia..

Alguns assumem a sua doença, conseguem conviver com ela, outros negam, têm até preconceito. Acredito que nesses casos, o sofrimento seja até maior; pois quando você não admite que precisa de um tratamento, medicamentos, tem dificuldades de convivência com seus familiares, amigos e certamente com ele próprio.

A verdade é que nós vivíamos um sonho... E quem não conseguiu realizar ficou perdido, triste, deprimido. Abalados por essa insatisfação e se fecharam para a realidade.

Eu me sinto exatamente assim. Não tenho mais sonhos!

Ah! e como dói não ter mais sonhos, projetos, desejos. É como se tudo tivesse morrendo dentro de mim. Não penso no futuro, nem me importa se um dia terei a casa  idealizada, os móveis, aparelhos modernos, carro. Tudo isso é lenda. Não existem pra mim. No momento, é só o vazio. Uma sensação de total falta ou vontade de continuar.

Talvez amanhã, ou depois, eu esteja melhor.Quem sabe até sorrindo e supostamente feliz, eufórica... Cheia de vontade  de  sair para fazer umas comprinhas. Ou talvez quem sabe, esteja mais deprimida e ao invés de estar aqui escrevendo, eu me tranque no quarto, feche todas as cortinas, desligue os telefones e deixe que mundo corra lá fora...

sábado, 2 de julho de 2011

Reportagem exibida no programa "Saúde Brasil" por Lina Menezes

Psiquiatra Dra. Doris Moreno:
"O "Transtorno Bipolar" faz parte dos transtornos mentais e de comportamento e é uma doença crônica, o que indica que ela pode ocorrer durante toda uma vida e ela evolui em episódios ou então continuamente em intensidade variável com sintomas afetivos ou do humor."

O transtorno bipolar" pode acometer pessoas das mais variadas faixas etárias. Costuma-se iniciar por volta dos 18 anos, mas pode ter início inclusiva na infância ou na adolescência.

Jorge Miguel Marinho:
"O que era o transtorno bipolar eu fui aprendendo ao longos de muitos anos, os meus primeiros sintomas que na época nem era entendido como depressão foi bem criança ainda, aos 10 anos."

O transtorno bipolar é a 16ª maior causa de incapacitação segundo a Organização Mundial da Saúde e para 2020 será uma séria preocupação para a saúde pública.

Dr. Beny Lafer (psiquiatra):
"É um transtorno bastante prevalente a população na sua forma mais grave que nós chamamos de Transtorno Bipolar Tipo I, onde as pessoas têm fases de depressão e de mania com prevalência em torno de 1,2% e o Transtorno Bipolar Tipo II que é uma forma mais leve onde a pessoa tem fase de depressão e de hipomania, ou seja, onde a pessoa tem a fase de mania mais atenuada, onde a gente estima que acometa 3% da população, então somados os dois a gente chega a uma prevalência em torno de 4% da população."

A principal causa do Transtorno Bipolar é o fator genético e estudos mostram que a genética contribui em mais de 50% da vulnerabilidade para a doença.

Dr. Flavio Kapczinski (psiquiatra):
"Como essa é uma doença de base genética a gente pode dizer que existem grupos de risco e o maior grupo de risco é o de familiares das pessoas que têm a doença bipolar, então uma criança em que o pai ou a mãe tenham a doença bipolar, deve ser vista com cuidado pelo sistema de saúde para que ela não se exponha a agentes que nós chamamos de patógenos, ou seja, que geram a doença."

Mas a questão genética não é o único foco de atenção.

Dr. Beny Lafer (Psiquiatra):
"Outros fatores são os fatores ambientais, desde o abuso de drogas ou de álcool, até fatores psicológicos. Nós sabemos que muitas vezes o primeiro episódio de depressão ou de mania, é desencadeado e ocorre em uma fase desemprego, perda de um parente ou de alguém importante, de um forte estresse emocional, de certos traumas psicológicos e esses fatores podem desencadear a doença em uma pessoa geneticamente vulnerável."

Elizabeth Correa:
"Fui vítima de uma gestação mal sucedida e isso desencadeou um trauma e eu não podia mais me levantar o equilíbrio mental, isto é, havia dia em que eu ficava muito deprimida e em outros passava."

As características do transtorno bipolar são complexas e não é um problema que pode ser superado apenas com a força de vontade, como alguns ainda imaginam, é uma doença que deve ser tratada como tal.

Dr. José Alberto Del Porto (Psiquiatra):
"O transtorno bipolar, assim como suas consequências, não pode ser atribuído jamais a uma falha de caráter ou uma falha moral e sim como um transtorno biológico que se manifesta no plano do comportamento."

Vamos conhecer um pouco mais sobre a observação dos sintomas que podem servir como sinal de alerta.

Dr. José Alberto Del Porto (Psiquiatra):
"O transtorno bipolar designa a alternância na pessoa de estados de normalidade de humor, com estados de exaltação, excesso de humor, onde a pessoa se mostras excessivamente eufórica, valente, podendo passar de repente para a raiva ou agressividade."

O transtorno bipolar e a depressão, saiba como reconhecê-la:

Dra. Doris Moreno (Psiquiatra):
"Quando a pessoa está deprimida, existem alguns sintomas que são fundamentais, uma que ela tem uma baixa de energia ou de ânimo, tem um humor para baixo ou uma diminuição de interesse, de motivação para fazer as coisas e uma diminuição da capacidade de sentir prazer e alegria e as coisas não têm a mesma graça de antes e ela precisa ter ou não a lentidão dos processos psíquicos e o raciocínio fica mais difícil, mais lento, cai a concentração e cai a menorização.

Jorge Miguel Marinho:
"Quando eu era garoto eu era visto como um sujeito meio estranho, porque vivia triste e introspectivo."

A pessoa também pode apresentar dificuldades de organização e planejamento e isso independe a sua história de vida e do tipo de infância que teve ou se está passando por algum problema familiar ou no trabalho.

Dra. Doris Moreno (Psiquiatra):
"Se a sua depressão for um pouquinho mais séria ai já começa a afetar o conteúdo dos sentimentos e do pensamento, eles ficam enviezados ou inativos, da seguinte maneira, você piora a realidade, ela fica distorcida para o negativo e você aumenta ou cria problemas."

Dr. Beny Lafer (Psiquiatra):
"Se esse problema não for tratado os estudos mostram que as pessoas morrem por suicídio ou se suicidam em até 19% dos casos e para voce ter uma idéia do que isso significa, isso é 30 vezes mais do que o índice de suicídio na população geral, ou seja, é a doença psiquiátrica mais associada ao suicídio."

Na fase de depressão que não é simplesmente uma tristeza comum, o indivíduo pode ter sintomas físicos como alterações no apetite e no peso, dores, insônia, entre outros.

Agora vamos conhecer melhor as características da mania do transtorno bipolar, quando o estado de humor pode estar elevado, apresentando uma alegria contagiante ou uma mania depressiva.

Dr. Beny Lafer (Psiquiatra):
"O humor está espansivo, elevado, eufórico, existe um aumento da capacidade de sentir prazer e busca de atividades prezeirosas, existe uma insônia, uma diminuição da necessidade do sono, não é uma insônia como o depressivo que não consegue dormir e sente muita falta disso, existe alteração nas atividades, as pessoas com mania ou hipermania, é extremamente hiperativa, começa e nem sempre termina inúmeras atividades, busca atividades prazeirosas, é muito impulsiva em diversos aspectos, bebida, sexo e compras."

Não há uma regra que determine como a mania vai se manifestar para o paciente, pode variar bastante de uma pessoa para outra, o senso de perigo fica comprometido e pode haver risco para a integridade física ou patrimonial. A pessoa pode gastar mais do que devia ou do que quer.

Elizabeth Correia:
"A gente gasta bastante quanto está eufórica, existem várias características, no meu caso por exemplo, não gastava em um sapato, era um sapato, mas de todas as cores da loja, era chegar em casa com o porta-malas cheio e depois dava sapatos pra todo mundo, porque a graça estava em comprar, gastar ali na hora, era bijuterias, sapatos, bolsas, de tudo o que você imaginasse eu fazia.

A pessoa com o transtorno bipolar não tratada evoluir e somar grandes prejuízos e ela vai perdendo amizades pelo caminho e pode, como dizem os pacientes, ir de uma condição de "eu te amo" para outra "eu te odeio" em pouco tempo, gerando muita insegurança nas relações.

Elizabeth Correia:
"Além dos gastos, a gente sofre muito com o relacionamento com a família, porque o temperamento fica difícil e a gente não consegue nem passar por um almoço de domingo sem fazer um escândalo, perde a educação mesmo, eu viajava e no meio da viagem queria voltar, porque cismava com alguma coisa e meu marido não sabia com quem ele iria encontrar a noite, ele saia para o trabalho de manhã e não sabia quem iria encontrar a noite quando voltasse."