O TRABALHO DO PSIQUIATRA, TERAPEUTA – ACOLHIDA: CONSEQUÊNCIAS E RESULTADOS
Desde que me descobri depressiva recorrente e bipolar passei por psiquiatras e terapeutas excelentes, mas também passei por grandes decepções. Lembro-me de todos eles com riquezas de detalhes. Por toda a minha vida me achei, diferente, tímida, mas foi exatamente na virada do milênio, após perder meu emprego e tentar em diferentes lugares, recomeçar, tive uma dificuldade imensa: Passava nas entrevistas, meu curriculum era excelente, pois tinha trabalhado em grandes empresas, em cargos de chefia e comando; mas quando começava, mal conseguia atender um telefone, ficava paralisada, olhava as pessoas com muito receio e sentia que elas me observavam.
Foi aí que percebi que eu havia perdido minha capacidade de me relacionar com o ambiente de trabalho que eu gostava tanto, perdido a minha iniciativa e identidade administrativa de que tanto me orgulhava.
Foi num desses dias que desesperada, após, ser dispensada novamente, no período de experiência procurei um psiquiatra, no meio da tarde, e para aumentar ainda mais a minha angústia, fui diagnosticada como: Psicótica Maníaca Depressiva. Mas isso eu já contei lá atrás no começo do meu blog.
O episódio com esse médico, apesar do diagnóstico pesado e antigo; alertou-me e me chamou para a realidade: Eu, durante toda a minha vida fora dividida entre a alegria e a tristeza. (As vezes me isolava e vivia um mundo só meu (na infância) e, mais tarde jovem e adulta) para disfarçar a timidez, fumava muito. Gastava todo o meu salário com roupas caras, que eu fazia questão de comprar a quase todas as semanas do mês (era uma consumista incorrigível).
Ele era “um Psiquiatra à moda antiga”, recomendou medicamentos ultrapassados, mas me marcou pela sua educação e respeito.
Meses depois procurei o a emergência do PINEL, para quem não conhece, Instituto Philippe Pinel (no Rio de Janeiro), onde fui muito bem recebida e fiz tratamento durante oito anos. Com o tempo fui me acostumando e admitindo a seriedade de minha doença e o quanto é importante o bom atendimento e a acolhida dos profissionais dessa área.
Recentemente fui a uma Clínica Para Tratamento de Doentes Mentais, aqui em Curitiba, onde moro atualmente (única opção de emergência no meu Plano de Saúde), e sinceramente nunca me senti tão “louca” , dado o tratamento (a acolhida) que tive desde a recepcionista e infelizmente e principalmente ao médico que me “me rotulou”: “Trata-se de uma Bipolar, e tem que ser tratada como tal: “Vou encaminhá-la para o Hospital Dia” e trocar toda a sua medicação, vamos acrescentar o lítio...O que a senhora está esperando, vá para o outro prédio para começar o seu Hospital Dia.”
Não preciso dizer que saí de lá arrasada. E é claro que nunca mais voltei. Como um profissional dessa área trata um paciente dessa forma? Fico me perguntando se ele estava num mal dia ou se esse é o seu comportamento de rotina? Se é; pobres depressivos, bipolares, dependentes químicos e “Doentes Mentais” que dependem dessa Clinica.
musica
sábado, 27 de agosto de 2011
sábado, 6 de agosto de 2011
Mudanças x Recordações
Sinto falta de risos, sinto falta de vozes... Serão minhas ou serão deles?
Me vejo criança na mesa grande da larga e espaçosa sala de jantar do apartamento em Laranjeiras aonde toda a família se reunia para os almoços de domingo.
Meu avô está lá na cabeceira da mesa, saboreando uma galinha caipira que ele mesmo comprava e matava na cozinha. Quase cego, vovô Cícero sofria de glaucoma, mas mesmo assim não deixava de cumprir esse ritual que ele julgava ser de sua obrigação e que meu pai, nem mais ninguém se intrometia. Tinha uma profunda admiração por esse homem que mal sabia ler e escrever, mas que era dono de uma sabedoria infinita. Ele estava além, muito além do seu, do meu, da nossa era...
Estou viajando no tempo, nesse minuto e sinto os cheiros, os sabores, olho pra toalha bordada de linho, tão linda,bege com bordado marrom bem clarinho. Estou feliz agora, sou uma menina de nove anos; meu pai sorri e minha avó Sebastiana também. E minha mãe onde está? Lá vem ela com mais uma tijela cheia de galinha para alegria dos meus irmãos, dos meus primos e tios.
Ouço vozes e risos... Serão meus ou serão dele? Estou no ano de 1962. Já naquela época apesar da aparente felicidade, eu era extremamente tímida e infinitamente só em minhas brincadeiras, ou seja, tinha momentos de muita alegria e bastante tristeza. Seria eu,, então uma bipolar desde criança?
Quando fazemos mudanças em nossas vidas, folheamos papéis, fotos, objetos, vêem as recordações e às vezes elas são tão fortes que nos transportam, nos levam a lugares que fizeram parte de nossas vidas, momentos especiais que jamais esqueceremos aonde quer que estejamos.
Sinto falta de risos, sinto falta de vozes...Serão minhas ou serão deles?????
Me vejo criança na mesa grande da larga e espaçosa sala de jantar do apartamento em Laranjeiras aonde toda a família se reunia para os almoços de domingo.
Meu avô está lá na cabeceira da mesa, saboreando uma galinha caipira que ele mesmo comprava e matava na cozinha. Quase cego, vovô Cícero sofria de glaucoma, mas mesmo assim não deixava de cumprir esse ritual que ele julgava ser de sua obrigação e que meu pai, nem mais ninguém se intrometia. Tinha uma profunda admiração por esse homem que mal sabia ler e escrever, mas que era dono de uma sabedoria infinita. Ele estava além, muito além do seu, do meu, da nossa era...
Estou viajando no tempo, nesse minuto e sinto os cheiros, os sabores, olho pra toalha bordada de linho, tão linda,bege com bordado marrom bem clarinho. Estou feliz agora, sou uma menina de nove anos; meu pai sorri e minha avó Sebastiana também. E minha mãe onde está? Lá vem ela com mais uma tijela cheia de galinha para alegria dos meus irmãos, dos meus primos e tios.
Ouço vozes e risos... Serão meus ou serão dele? Estou no ano de 1962. Já naquela época apesar da aparente felicidade, eu era extremamente tímida e infinitamente só em minhas brincadeiras, ou seja, tinha momentos de muita alegria e bastante tristeza. Seria eu,, então uma bipolar desde criança?
Quando fazemos mudanças em nossas vidas, folheamos papéis, fotos, objetos, vêem as recordações e às vezes elas são tão fortes que nos transportam, nos levam a lugares que fizeram parte de nossas vidas, momentos especiais que jamais esqueceremos aonde quer que estejamos.
Sinto falta de risos, sinto falta de vozes...Serão minhas ou serão deles?????
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