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sábado, 27 de agosto de 2011

O TRABALHO DO PSIQUIATRA, TERAPEUTA – ACOLHIDA: CONSEQUÊNCIAS E RESULTADOS

Desde que me descobri depressiva recorrente e bipolar passei por psiquiatras e terapeutas excelentes, mas também passei por grandes decepções. Lembro-me de todos eles com riquezas de detalhes. Por toda a minha vida me achei, diferente, tímida, mas foi exatamente na virada do milênio, após perder meu emprego e tentar em diferentes lugares, recomeçar, tive uma dificuldade imensa: Passava nas entrevistas, meu curriculum era excelente, pois tinha trabalhado em grandes empresas, em cargos de chefia e comando; mas quando começava, mal conseguia atender um telefone, ficava paralisada, olhava as pessoas com muito receio e sentia que elas me observavam.

Foi aí que percebi que eu havia perdido minha capacidade de me relacionar com o ambiente de trabalho que eu gostava tanto, perdido a minha iniciativa e identidade administrativa de que tanto me orgulhava.

Foi num desses dias que desesperada, após, ser dispensada novamente, no período de experiência procurei um psiquiatra, no meio da tarde, e para aumentar ainda mais a minha angústia, fui diagnosticada como: Psicótica Maníaca Depressiva. Mas isso eu já  contei lá atrás no começo do meu blog.

O episódio com esse médico, apesar do diagnóstico pesado e antigo; alertou-me e me chamou para a realidade: Eu, durante toda a minha vida fora dividida entre a alegria e a tristeza. (As vezes me isolava e vivia um mundo só meu (na infância) e, mais tarde jovem e adulta) para disfarçar a timidez, fumava muito. Gastava todo o meu salário com roupas caras, que eu fazia questão de comprar a quase todas as semanas do mês (era uma consumista incorrigível).

Ele era “um Psiquiatra à moda antiga”, recomendou medicamentos ultrapassados, mas me marcou pela sua educação e respeito.

Meses depois procurei o a emergência do PINEL, para quem não conhece, Instituto Philippe Pinel (no Rio de Janeiro), onde fui muito bem recebida e fiz tratamento durante oito anos. Com o tempo fui me acostumando e admitindo a seriedade de minha doença e o quanto é importante o bom atendimento e a acolhida dos profissionais dessa área.

Recentemente fui a uma Clínica Para Tratamento de Doentes Mentais, aqui em Curitiba, onde moro atualmente (única opção de emergência no meu Plano de Saúde), e sinceramente nunca me senti tão “louca” , dado o tratamento (a acolhida) que tive desde a recepcionista e infelizmente e principalmente ao médico que me “me rotulou”: “Trata-se de uma Bipolar, e tem que ser tratada como tal: “Vou encaminhá-la para o Hospital Dia” e trocar toda a sua medicação, vamos acrescentar o lítio...O que a senhora está esperando, vá para o outro prédio para começar o seu Hospital Dia.”

Não preciso dizer que saí de lá arrasada. E é claro que nunca mais voltei. Como um profissional dessa área trata um paciente dessa forma? Fico me perguntando se ele estava num mal dia ou se esse é o seu comportamento de rotina? Se é; pobres depressivos, bipolares, dependentes químicos e “Doentes Mentais” que dependem dessa Clinica.

sábado, 6 de agosto de 2011

Mudanças x Recordações

Sinto falta de risos, sinto falta de vozes... Serão minhas ou serão deles?

Me vejo criança na mesa grande da larga e espaçosa sala de jantar do apartamento em Laranjeiras aonde toda a família se reunia para os almoços de domingo.

Meu avô está lá na cabeceira da mesa, saboreando uma galinha caipira que ele mesmo comprava e matava na cozinha. Quase cego, vovô Cícero sofria de glaucoma, mas mesmo assim não deixava de cumprir esse ritual que ele julgava ser de sua obrigação e que meu pai, nem mais ninguém se intrometia. Tinha uma profunda admiração por esse homem que mal sabia ler e escrever, mas que era dono de uma sabedoria infinita. Ele estava além, muito além do seu, do meu, da nossa era...

Estou viajando no tempo, nesse minuto e sinto os cheiros, os sabores, olho pra toalha bordada de linho, tão linda,bege com bordado marrom bem clarinho. Estou feliz agora, sou uma menina de nove anos; meu pai sorri e minha avó Sebastiana também. E minha mãe onde está? Lá vem ela com mais uma tijela cheia de galinha para alegria dos meus irmãos, dos meus primos e tios.

Ouço vozes e risos... Serão meus ou serão dele? Estou no ano de 1962. Já naquela época apesar da aparente felicidade, eu era extremamente tímida e infinitamente só em minhas brincadeiras, ou seja, tinha momentos de muita alegria e bastante tristeza. Seria eu,, então uma bipolar desde criança?

Quando fazemos mudanças em nossas vidas, folheamos papéis, fotos, objetos, vêem as recordações e às vezes elas são tão fortes que nos transportam, nos levam a lugares que fizeram parte de nossas vidas, momentos especiais que jamais esqueceremos aonde quer que estejamos.

Sinto falta de risos, sinto falta de vozes...Serão minhas ou serão deles?????