musica

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sentimentos x Sintomas

Estou muito confusa em relação aos meus sentimento e/ou sintomas. Não estou conseguindo definir bem se estou deprimida ou tremendamente saudosa e solitária. Mais uma coisa leva à outra e os medicamentos vão segurando.

Espero que segurem o suficiente para eu terminar a semana sem aquela sensação de vazio e angústia.

Sei que vou me repetir, mas na verdade, o frio não tem ajudado para que eu possa sair, fazer algo diferente... Ir ao shopping (Isso é meio perigoso, mas me relaxa muito). Estou sendo muito rígida comigo mesma., pois já há algum tempo que venho me  controlando e me policiando.

Gostaria de poder falar com pessoas que sentem o que eu sinto. Trocar idéias. Aliás, minha intenção ao fazer o blog foi essa. Mas parece que as pessoas têm medo de se mostrarem. Não precisa se identificar, se não quiser, apareça com pseudônimo, um apelido, ou qualquer coisa que seja.

Mas, que tal conversarmos um pouco? Acho que isso nos ajuda. Estou a espera de seguidores e pessoas que queira dividir comigo esse espaço para diminuirmos as nossas angústias.

A mídia está aí mesmo, todo dia, focando o  assunto:

RIO - A Londres do século XIX, o Vietnã conflagrado, uma aldeia da Rússia czarista, a Nova York dos hippies, a Áustria ocupada, o Brasil imperial. Via de regra, na crescente indústria brasileira de musicais, é do exotismo das ambientações que emerge boa parte do espetáculo.

Peças sobre grandes nomes da música são a principal exceção. Há outras, mas, se depender dos produtores Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, uma delas vai deixar de ser.

A dupla está empenhada nos musicais do cotidiano e das relações afetivas.  Vem daí  "Baby", saído da Broadway dos anos 80 e trazido para o Rio de Janeiro atual.

Estréia dia 13 no João Caetano e ocupa o enorme palco o maior teatro carioca com uma trama onde tempo e lugar não são personagens espaçosos. As relações amorosas mais básicas são o que importa.

Principalmente as familiares. A casa, ilustrada por elementos exíguos, é o cenário fundamental. O espetáculo deve emergir do jogo entre os atores.

E da música.  RIO SHOW :   Confira a programação do espetáculo. O cotidiano em "Baby" é a rotina em ebulição de casais descobrindo-se "grávidos" em três etapas distintas da vida

- na pós-adolescência, aos 30 anos e já com o ninho vazio, aos 50. Uma coleção de história sobre as quais dificilmente já não se viveu ou testemunhou algo parecido.  Para os produtores e para o diretor, o americano Fred Hanson, é o tipo de espetáculo que representa uma alternativa necessária às franquias célebres e grandiloqüentes.

A convicção do senso de oportunidade é tal, que outros três musicais de linha semelhante serão levantados pelos produtores em seqüência, entre eles o premiado "Next to Normal", que quebrou paradigmas ao levar à Broadway o drama de uma dona de casa bipolar.

Para "Baby", diferentemente de outras grandes produções recentes, não havia fórmulas de encenação definidas em contrato. Hanson sequer assistiu ao espetáculo original.

O carinho que nutria pela peça vinha das canções de David Shire e Richard Maltby Jr., que ouvia com freqüência e prazer em audições. (Em português, as versões são de Tadeu e Flávio Marinho.) Ao ser convidado para dirigir, Hanson mergulhou na história e ficou certo de que o despojamento lhe cairia bem.

- A versão original (de "Baby", de 1984) não é localizada num lugar especifico. Tem que se entender que são pessoas normais, que existem no mundo inteiro

- diz o diretor, em bom português, que aprendeu dos amigos que fez no Brasil bem antes de dirigir aqui as versões de musicais exemplares da fantasia distante, "Miss Saigon" e "Jekyll & Hyde".  Quando encerrar "Baby", Hanson também mergulha em "Next to Normal".

Vencedora do Pulitzer de 2010 e três prêmios Tony em 2009, a peça traz outro tipo de família. Dessa vez, em frangalhos. No centro, uma dona de casa em profundo sofrimento psíquico. E em sua cabeça intoxicada pelo melhor da farmácia moderna para os males da alma, também há um filho. Um "superboy" como se queixa a irmã ignorada, que a mesma canção chama de "invisible girl" (garota invisível).

- "Next to Normal" é uma trama familiar incrível. É uma "(Quem tem medo de) Virgina Woolf" moderna

- diz Tadeu Aguiar, lembrando a obra-prima do dramaturgo americano Edward Albee, em que a ilusão de um filho mantém um amargurado casal de meia idade paradoxalmente unido e em pé de guera.

Do elenco que vai encarar essa próxima empreitada, já estão definidos Soraya Ravenle no papel principal e o próprio Tadeu, que fará o pai cuidador e aparentemente centrado que se obriga a manter os pratos girando no ar.

Na Broadway, o tema inóspito da bipolaridade e a simplicidade da cena (seis atores num cenário de estruturas secas de metal e vidro) pegaram muita gente de surpresa. Sem peripécias de cortar a respiração da platéia e aparato externo para sufocar os atores, a beleza da música e o poder da interpretação podiam respirar.

E sobressair.

A música de Tom Kitt ("Alta Fidelidade" ) é um pop rock que alcança tons de tremenda angústia, intensificada pela letras e diálogos desconcertantes de Brian Yorkey (é dele o Pulitzer).

A interpretação da protagonista Alice Ripley levou o Tony.

Em "Baby", as linhas musicais de David Shire ("Os embalos de sábado à noite") são mais aconchegantes ("Ele tem uma sofisticação de bossa nova", diz Hanson). A trama, apesar de cruzar com separação e aborto, é menos árida, nos diálogos de Sybille Pearson (indicada ao Tony por "Baby") e nas letras de Richard Maltby Jr. ("Miss Saigon").

Mas os atores também acharam ali um exercício que julgaram revigorante.
- O maior desafio é que é um espetáculo que tem que se fazer de verdade. São pessoas comuns. Não são caracterizado, caricaturais.

São comuns, na vida cotidiana. A gente faz musical há muito tempo. E pela primeira vez a gente fez trabalho de mesa num musical. Quase stanislaviskiano - conta André Dias ("Avenida Q" e "Era no tempo do rei").

- Normalmente tem um lado prático muito grande. A gente vai fazendo a partir da forma, e da forma vai tirando o conteúdo. Aqui, fez o oposto.

A gente fez trabalho de mesa, gênese de personagem e entrou em cena o personagem todo estudado.

André divide palco com as "mães" Amanda Acosta ("My Fair Lady"), Sabrina Korgut ("Avenida Q") e Sylvia Massari ("A gaiola das loucas"), com os "pais" Olavo Carvalheiro (estreante em grande produção) e Tadeu Aguiar ("Esta é a nossa canção") e com mais 12 atores no elenco de apoio.

Amanda Acosta lamenta o fato de o estudo aprofundado dos personagens e do texto ser incomum nos musicais.

- Tem musical que vai para esse lado mais fácil, mas depende também do diretor. Muitos personagens perdem-se porque se fica no superficial. Acontece muito isso. É uma pena

- diz a atriz.  Antes de "Baby", Tadeu e Eduardo já tinham enveredado para o lado mais psicológico dos musicais, com "Esta é a nossa canção", sobre a relação entre um compositor e uma letrista. Entre "Baby" e "Next to Normal", eles vão dar uma pausa nos temas de família e voltar às relações de casal, com "As quatro faces do amor", em que dois casais vivem todas as possibilidades de combinação entre si. O texto é de Eduardo Bakr, autor da pesquisa que resultou na seleção das músicas da peça - todas saídas da obra de Ivan Lins.

- Uma delas será inédita, para o espetáculo

- diz Tadeu, que conta com Tiago Fragoso e Mariana Rios no elenco e Cininha de Paula na direção.  Para mais adiante, Tadeu e Eduardo já têm engatilhado o espetáculo "The story of my life", produção recente da Broadway como "Next to normal".

Dessa vez, uma história de amigos.

- Um é escritor e o outro é um filho de um dono de livraria. Eles prometem que, quando um dos dois morrer, o outro fará a eulogia no enterro

- conta Tadeu.

- O que se torna escritor volta à cidade quando o amigo morre. Ele se tornou um escritor de sucesso em cima das histórias que ouvia do amigo na livraria. Mas o que ficou na cidadezinha havia matado, talvez por não suportar o sucesso do outro.  Os produtores não temem o peso do assunto.

- A gente tem sempre o desejo de falar de coisas em que a gente acredita e vão suscitar transformação. A gente não quer só a diversão - diz Eduardo Bakr.

- Claro que é uma pretensão. Mas é a pretensão do artista.

A gente busca temas que belisquem, que as pessoas levem para depois do jantar.

(Globo Online de 12/05/11)